[a ira]
eu digo: abre as pernas.
mas os meus lábios não se movem.
eu posso dizer: cospe um filho
com a minha língua dentro da boca.
eu posso morrer num funeral, que é
uma morte natural, ou nem morrer.
eu posso escrever a ira a três mãos:
a mão do homem, a mão de deus, a
minha mão. posso escrever a paixão
a três mãos, fazer amor a três mãos.
eu volto a dizer: abre as pernas.
e a minha voz é só o movimento
oblíquo das palavras.
mas se eu disser com a mão do homem,
com a mão de deus, e com a minha mão,
abres as pernas?
in ' um cão em cada dedo '
in ' revista inútil ', n.º 1
(Paula Rego)
E ele diz: abre as pernas
com a voz tensa de ira.
E ela replica: a ira não abre pernas,
só o amor.
gosto muito (deste e do blogue inteiro :)
ResponderEliminarObrigada! :)
EliminarBeijinhos Marianos! :)
"Se nos picarem, não sangramos?
ResponderEliminarSe nos fizerem cócegas, não rimos?
Se nos envenenarem não morremos?
E, se nos ultrajarem, não nos vingaremos?"
William Shakespeare
"E ele diz: abre as pernas
com a voz tensa de ira.
E ela replica: a ira não abre pernas,
só o amor. "
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Obrigada, Legionário!
EliminarBeijinhos Marianos e bom Domingo! :)
O amor é o único afrodisíaco. Tudo o resto, meros sucedâneos, inconsequentes, sem sentido.
ResponderEliminarBom dia, Maria, bom Domingo!
Sim! Não há nada que o substitua, ainda que tentemos.
EliminarBeijinhos Marianos, Xil, bom Domingo para ti também! :)
http://youtu.be/N4pNVfPPl4U
ResponderEliminarBeijinhos
Obrigada!:) Gosto!
EliminarBeijinhos Marianos! :)