(imagem daqui)
Havia um sapo no jardim. Diziam-no jardineiro, auxiliar dos que tratavam as rosas, os cravos e demais flores, as plantas verdes e a horta.
Joaninha vira-o a espreitar por entre a relva já um pouco crescida, a precisar das mãos hábeis do Sr. Joaquim na tesoura afiada que repousava no armário das ferramentas.
Ia, desde então, visitá-lo a cada dia, quando chegava da escola. E lá estava ele, como que a dizer-lhe olá, os olhos muito brilhantes no verde relvado. Ficava ali, na conversa, contando-lhe das aulas, das brincadeiras no recreio, das saudades que tinha sempre de chegar a casa.
Um dia, a professora contou um conto dos irmãos Grimm, no qual uma princesa, enojada com a figura de um sapo, o atirava a uma parede, transformando-se o bicho num príncipe.
Joaninha correu todo o caminho, ansiosa por se encontrar com o seu amigo. Em chegando, nem sequer disse olá. Pegou-lhe, levou-o para a garagem, e atirou-o com toda a força de encontro à parede que logo se tingiu de sangue.
Por mais que esperasse, a menina não via transformação nenhuma, a não ser a da falta de brilho nos olhinhos de seu amigo.
Decidiu aguardar até ao dia seguinte à tarde.
Logo na primeira aula da manhã, a professora continuou o tema do dia anterior:
- “Como a aula terminou no preciso momento em que o garboso príncipe sorria para a princesa, não tive tempo de vos contar que há muitas versões desta história. Dizem que o sapo dos Grimm, afinal, teria morrido, e que a princesa só conseguiria transformá-lo com um beijo, ou então, deixando-o dormir na sua almofada.”
Lavada em lágrimas, Joaninha contou à professora o sucedido. Aprendeu, desde então, que a realidade nada tem a ver com a ficção, ainda que assim seja contada em certos livros.