"Porque é que procuras ouro aqui?"
(...)
"O ouro não vale nada, não se deve receá-lo. É como os escorpiões, que só picam quem os receia."
Disse isto com simplicidade, sem sobranceria, como se falasse para si própria.
"Vocês, os do grande mundo, pensam que o ouro é o que há de mais forte e
desejável, e é por isso que andam sempre em guerras. Em toda a parte,
para possuir ouro, as pessoas estão dispostas a morrer."
São palavras que põem o meu coração a bater desordenadamente (...).
Mantenho a sua mão na minha apertada com força para lhe sentir todo o calor, e respiro-lhe o hálito nos lábios. (...) Suponho que pela primeira vez saboreio o tempo que passa sem impaciência nem desejo, mas com tristeza, ao pensar que tudo isto se irá e não mais vai voltar.
J. M. G. Le Clézio, in "O Caçador de Tesouros"
(Lovers by Irina Vitalievna Karkabi)
Ser para lá de ter! De que vale o ouro todo do mundo se não prolonga os momentos felizes?
Lindo...
ResponderEliminarDe facto, as "coisas" mais preciosas, não são "coisas"...
Beijinho
Pois não... Pena que muitos o esqueçam!
EliminarBeijinhos Marianos! :)
É muito fácil esquecer esta verdade tão simples. Mas depois a vida dá-nos um safanão de todo o tamanho e as coisas empalidecem, porque as pessoas são mais importantes, são elas que nos dão os momentos felizes em contínuo.
ResponderEliminarÉ verdade, Carla! Tantas vezes tardamos em dar valor às pequenas coisas...
EliminarBeijinhos Marianos! :)
Acredito que a virtude está em saber parar. O ouro atrai e é uma atração natural. Deixar de o procurar ou dosear essa procura é uma demonstração de sabedoria.
ResponderEliminarE não é fácil sabê-lo, pois não?
EliminarBeijinhos Marianos! :)
É ilusão imaginarmos que tenhamos tudo o que desejamos: “A felicidade, no reduzido sentido em que a reconhecemos como possível, constitui um problema da economia da libido do indivíduo”. Resta descobrir, por nós mesmos, de que modo podemos ser felizes, ponderando sobre quanto de satisfação real podemos esperar do mundo exterior, quanta força dispomos para alterar o mundo que nos cerca a fim de adaptá-lo aos nossos desejos e também de adequar nossos desejos a ele.
ResponderEliminarSaibamos fazê-lo!
EliminarBeijinhos Marianos, Legionário! :)
A culpa é da incompletude.
ResponderEliminarA busca constante de algo indefinível.
EliminarBeijinhos Marianos, JM! :)
O ouro em si não vale nada, serve só para quem tem gula pelo Poder que o metal amarelo pode comprar.
ResponderEliminarBeijinhos.
Como estamos em tanta sintonia em registos tão diferentes! :)
EliminarBeijinhos Marianos, São! :)
E se os poderosos do mundo passagem pelo síndrome de Midas?
ResponderEliminarNão havendo tal possibilidade,
não adianta muito dizer
que o dinheiro não trás felicidade...
O dinheiro ajuda muito à felicidade, claro. A ganância é que nem por isso!
EliminarBeijinhos Marianos, Rogério! :)
Acho que os homens sempre valorizaram o ouro por manter as suas propriedades inalteradas eternamente. A paixão original pelo ouro é uma busca de imortalidade. Mas como acontece com a natureza humana, tudo se corrompe, sendo que por ironia do destino, o ouro, o metal incorruptível, se tornou ele próprio o símbolo da corrupção.
ResponderEliminarBoa noite, Maria :)
A Alquimia era, de facto, a busca da imortalidade mas o homem, como de costume, não resistiu ao brilho do ouro...
EliminarBeijinhos Marianos, Xil! :)
Gostei do excerto que nos traz à ribalta a eterna questão da subversão dos valores que corrompe as sociedades ocidentais.
EliminarLídia
Este livo do Le Clézio é muito interessante exactamente porque anda à volta dessa questão. Escolhi este excerto porque dá uma pista muito precisa.
EliminarBeijinhos Marianos e obrigada pela atenção, Lídia! :)