segunda-feira, abril 13, 2015

Toque

(foto de MusiClassroom)

Havia um piano no sótão. Ninguém o tocava, a não ser o menino que trepava pela árvore para colher figos. Parecia que, ao toque dos seus dedos, mais ninguém houvera ensaiado uma nota sequer, de tão doce era o som. Ainda que não fosse o tempo dos figos, o menino trepava, ramo a ramo, entrava pela janela e tocava como se acariciasse a teclas. Um dia, o menino não veio. Outro dia, também não. O piano emudeceu e, sem quê nem para quê, desfez-se em pedaços.


12 comentários:

  1. Maria, não importa quanto tempo passe, existem coisas que simplesmente, não são esquecidas!

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    1. Nem sempre, Legionário. Algumas, reduzem-se a pó e dispersam-se no vento.

      Beijos. :)

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  2. Querida Maria Eu,
    Que desperdício, deixar apodrecer os figos.
    Beijos,
    Outro Ente.

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  3. A saudade das longas ausências, ou das ausências permanentes tem este efeito em tudo o que existe no mundo. Uma casa abandonada, sem estar ocupada degrada-se a olhos vistos até culminar em ruína. Todo e quaisquer destroços são pedaços de vida, e pedaços da história que vão ficando perpetuados na memória, enquanto memória houver.
    Bonito Maria.
    Beijinho

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    1. A ausência destrói, por vezes, até a memória.
      (obrigada, muito)

      Beijos, Sandra. :)

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  4. Tudo o que soa necessita do toque, as flautas, os violoncelos, os pianos e nós pessoas.

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  5. É assim que ficamos por vezes, mas noutras renascemos, como a Fénix :)

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    1. Essa Fénix era uma gata, acho. À quantidade de vidas que tem tido! ;)

      Beijos, GM. :)

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  6. O piano como os anjos diluem-se pela inutilidade.em pó.

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