domingo, abril 12, 2015

Maria Antónia


Costumava subir a rua íngreme que levava à igreja a cada Domingo, logo que o Tone da Mila abria a pesada porta da frente. Quase corria, Maria Antónia, na ânsia de ser a primeira a ocupar um lugar no banco corrido junto ao altar. Rezava de olhos fechados, como se nada visse ou ouvisse, até durante a homilia. Era, também, a última a sair. Já o padre se desparamentava na sacristia e o Tone tinha apagado todas as luzes, extinguido todas as velas...
Saía, tal como chegara, em passo largo e apressado, quase correndo.
O povo da aldeia, sempre atento a todas as minudências Domingueiras, cochichava que  a pobre tinha endoidado depois que a notícia da partida de Luís Carlos para a estranja, na companhia de Teresa, tinha sido divulgada pela prima Joaquina, sempre atenta às novidades chegadas por carta aos lares dos conterrâneos.



11 comentários:

  1. Essa assim de costas pareço eu. Juro!

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    1. Não me digas que andas a posar para o János!!! Huuuuummmmm...

      Beijocas, Uvinha. :)

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  2. Maria, curiosa descrição dessa Maria Antónia, ainda existem clones dela neste Portugal. :))

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    1. E da tia Joaquina, Legionário. Essas é que são venenosas.

      Beijos, meu caro. :)

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  3. Por isso, por essas partidas
    e pelo cochichar das primas
    que em todas as aldeias
    há homilias, igrejas, capelas
    e povo dentro delas

    só não,
    se todos abalaram
    ou poucos são
    os que ficaram

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    1. Poucos, sim, Rogério. Quase não há família inteira.

      Beijos. :)

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  4. Maria Antónia não se importa com o cochichar, ela é que sabe da vida dela... :)

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  5. - Quem diria, o Luís Carlos, rapaz tão aprumado...
    - Foi ela, a lambisgoia da Teresa, uma perdida, que lhe fez o ninho!

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