(Joan Pujol)
"Vive o Dia de Hoje!
Não penses para amanhã. Não lembres o que foi de ontem. A memória teve o seu tempo quando foi tempo de alguma coisa durar. Mas tudo hoje é tão efémero. Mesmo o que se pensa para amanhã é para já ter sido, que é o que desejamos que seja logo que for. É o tempo de Deus que não tem futuro nem passado. Foi o que dele nós escolhemos no sonho do nosso absoluto. Não penses para amanhã na urgência de seres agora. Mesmo logo à tarde é muito tarde. Tudo o que és em ti para seres, vê se o és neste instante. Porque antes e depois tudo é morte e insensatez. Não esperes, sê agora. Lê os jornais. O futuro é o embrulho que fizeres com eles ou o papel urgente da retrete quando não houver outro. "
Vergílio Ferreira, in "Escrever"
O que é viver o dia de hoje? Viver como se gostaria de viver? Viver na medida das possibilidades? Viver para si, para os outros, com ou sem os outros? Viver a nossa urgência não precisa da urgência de outros? Embrulha o futuro nos jornais, diz Virgílio Ferreira. Mas se, agora, tantos jornais lidos são virtuais. Não servem para embrulhar o futuro nem sequer para papel urgente. Fica, então, o futuro por embrulhar e o agora à espera que a urgência passe.
Não sei porquê (ou talvez saiba) me ocorreu uma canção que sempre me ocorre quando se fala em agora ou em futuro, coisas cuja ligação caiu em desuso. E diz ela que "quem sabe, faz a hora / não espera acontecer". Vergílio Ferreira diz quase igual "Não esperes, sê agora"...
ResponderEliminar(Não, não me ausentei. Andei em busca de palavras e ainda não as encontrei.)
Ser agora pode ser bom mas também nos pode trazer grandes dissabores, fruto da precipitação.
EliminarBeijos, Rogério. :)
O presente é volátil. Quando o tento agarrar, desfaz-se nas minhas mãos. Quando tomo consciência dele, já é passado. O presente precisa do passado e do futuro para ganhar consistência. O presente é uma ponte entre as duas margens que a suportam. O ser agora só ganha consistência porque já se foi antes e porque se julga continuar a ser.
ResponderEliminarUm beijinho e obrigada pela sua visita ao meu blog que muito me honrou :)
Esse processo de continuidade tem que existir para que não nos esboroemos.
EliminarBeijo, Miss Smile . Foi um prazer. :)
Eu diria que neste século...o maior dos luxos é o tempo, o tempo é o nosso "maior património".
ResponderEliminarBoa semana, Maria!:))
O tempo, esse fugitivo.
ResponderEliminarBeijos, Legionário. :)
O futuro não existe, só o presente é,
ResponderEliminara cada instante, uma urgência emergente.
Dizia a Banda do Casaco, "hoje há conquilhas, amanhã não sabemos".
Hoje é já amanhã.
EliminarBeijos, Agostinho. :)