(Ansel Adams)
Os Bruxos
Em alguns de nós, o olhar
queda-se paralelo
ao do mocho
que há muito do ombro
nos soou.
Estas pálpebras
humedecem os olhos
como ninguém o faz
a uma fronte.
Em seu reduto, velam
separando
a luz das Trevas.
Sebastião Alba, in "Uma pedra ao lado da evidência"
Dinis Albano Carneiro Gonçalves, de seu pseudónimo Sebastião Alba (1940-2000), foi um poeta muito particular. Viveu em Moçambique com a família, licenciando-se em Jornalismo. Casou, teve filhos. Regressou a Portugal em 1984, a Braga, e, sem que nada o fizesse prever, "faz-se" à rua, transformando-se num sem-abrigo. Vive em umbrais de portas, nos adros de igrejas... Conhecem-no pelas palavras, pela sensibilidade para as artes, em particular para a música. Nunca mais quis ter casa. Morreu atropelado, numa das rodovias que envolvem a cidade de Braga.
Num bilhete dirigido ao irmão afirmava "Se um dia encontrarem o teu irmão Dinis, o espólio será fácil de
verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia
não entenderá".
A humildade em palavras grandiosas.
ResponderEliminarBom Ano, Maria Tu
Um grande poeta, sem pretensões.
EliminarObrigada. JM! Para ti também!
Beijinhos Marianos! :)
"Sei que, frequentemente, os sinais e os símbolos exteriores, visíveis e tangíveis da sorte e da ascensão, só aparecem quando, na realidade, tudo já se põe de novo a declinar." Thomas Mann
ResponderEliminarTão adequado, Legionário!
EliminarBeijinhos Marianos! :)
Acho que nunca chamarei "resignado" a um sem-abrigo, vejo-os sempre como poetas, razão que estes versos testemunham!
ResponderEliminarSe tiveres uns minutos, espreita: http://boticelli.no.sapo.pt/sebastiao_alba.htm Verás que vale a pena!
EliminarBeijinhos Marianos! :)