Falta-te o ar, já não há o cheiro a flores e, porém, tantas que te rodeiam, agora. Abandonaram-te as palavras em que te (re)vias e por mais que falem os que ali vês, não te chega o que dizem. Gélido, o corpo. Imóveis, as mãos.
( ©Thorsten Schnorrbusch)
O Corpo
Ante as portas desgarradas, paradoxal
é a morte: impossível, feito realidade,
acaso predito. Corpo, deus imortal,
para sempre cego e mudo, abandona-te ao livre
ar. Que te transformes e assemelhes à noite.
Tempestade final das sombras, foste, corpo,
respiração com voz, área que habitaste,
vária e discordante, a cada movimento.
E agora que a luz desfalece e não a tocas,
nem por ela és tocado, a palavra deixou
de ser a tua pátria e não mais esfolias
o espaço. Agora, que já nada mudará,
nenhuma eternidade te rescende. A morte
petrifica o frágil espaço que foi teu.
Orlando Neves, in "Decomposição - o Corpo"
ResponderEliminarA morte é mesmo paradoxal... leva embora o corpo, mas não as memórias de quem continua vivo.
Assim será com aquele a quem um dia chamaram de Pantera Negra...
Beijinho
Curiosamente, escrevi este pot ontem, ainda o Eusébio não tinha morrido. Escrevi-o a pensar nos meus pais...
EliminarBeijnhos Marianos, Afroditezinha! :)
EliminarPercebi que não o tinhas escrito por causa da notícia do dia (do dia e dos próximos...) pois se reparares a referência ao Eusébio no meu comentário veio apenas como uma constatação complementar.
Beijos de entendimento
(^^)
Ele deu tudo... hoje nada lhe podem tirar.
ResponderEliminarComo disse à Afrodite, este post foi escrito com os meus pais no pensamento...
EliminarMas pode servir bem ao Eusébio, sim.
Beijinhos Marianos, Rui! :)