sexta-feira, outubro 25, 2013

Da fuga para a morte

Fujo à morte no Continente que me viu nascer, para morrer no mar de um Continente que me não quer.


Lampedusa, Itália, ano de 2013

4 comentários:

  1. Respostas
    1. E o que mais magoa é que se repete e continuará a repetir... A miséria assim o dita! :(

      Beijinhos Marianos, Loirinha! :)

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  2. Lampedusa:

    Ali acaba a Europa e começa a África. É uma ilha italiana que apavora a mente dos mais sensíveis e acalenta sonhos a quem foge da maldição do Magrebe e da primavera árabe. Está a mais de cem milhas da Sicília e a cerca de setenta da Tunísia, no Mediterrâneo, com 20 Km2 de esperança para quem é vítima da fome e do Islão.

    Não faltam vendedores de ilusões e contrabandistas que amontoam no convés de frágeis embarcações o triplo das pessoas que suportam. Homens, mulheres e crianças saltam para a morte ao sabor das ondas e desaparecem, por entre a madeira desconjuntada dos barcos que naufragam, com a angústia e o medo asfixiados em água salgada....

    Morrem com os sonhos, únicos bens que lhes sobraram depois de pagarem aos agiotas, e dão à costa, já cadáveres, crianças que permanecem agarradas às mães e homens que apenas esperavam viver. O drama das pessoas que nasceram no sítio errado só é notícia quando a tragédia atinge dimensões obscenas.

    Nós, impotentes, assistimos a este cemitério de ilusões e de vidas, aos dramas pungentes entre a África e a Europa com as vidas perdidas num mar triste que dá pelo nome de Mediterrâneo.

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    1. Impotência total, tristeza e raiva...

      Bom fim-de-semana, Legionário! :)

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