(A persistência da memória - Salvador Dali)
Acordara com a estranha sensação de estar a viver dentro de um sonho. Lavara a cara com água que devia estar fria e não sentira sequer um arrepio. Pensando bem, não sentira, sequer, a cara molhada. Tomara duche, penteara-se, barbeara-se, vestira-se. Sim! Sabia que tinha feito tudo isso e, porém, ao passar pelo espelho nada via. Nem a camisola vermelha se reflectia na superfície lisa iluminada pela luz do sol que entrava pela janela do quarto. Desceu as escadas que levavam até à rua fronteira à casa de dois em dois degraus. Ouvira a voz da Ana e queria vê-la. Queria tanto vê-la que quase tropeçou numa pedra irregular do passeio. Ana aproximava-se, sorrindo, como lhe era habitual. Um sorriso aberto, límpido. Ele olhou-a, parado no meio do passeio, e atirou um "Bom dia, Ana!". Ela passou bem rente a ele e nem pestanejou, o sorriso inalterado, os passos certos e ritmados que lhe davam o ar elegante que ele tanto admirava. Cabisbaixo, regressou ao quarto e foi então que se viu, deitado na cama, num sono aparentemente tranquilo...
(aprendo depressa a gostar de coisa de bom gosto. Estou quase fã de Nick Cave...)
ResponderEliminarNick Cave vale a pena. :)
EliminarBeijinhos Marianos, Rogério! :)
A morte surge sem eufemismos, incontornável assim como a inquietação de uma alma inquieta.
ResponderEliminarBelo texto Maria e com a música de Nick Cave fica *****
Obrigada, Legionário!
EliminarBeijinhos Marianos! :)