(Ana Hatherly)
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos a morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
(...)
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar.
Mário Cesariny, in Pena Capital
Pronunciem-se as palavras, primeiras ou derradeiras, pronunciem-se as palavras.
Cesariny é um preferido meu...Mas não podemos ficar só pelas palavras!
ResponderEliminarBeijinhos,senhora Maria Eu*
Mas as palavras só existem porque agimos. :)
EliminarBeijinhos, menina Til! :)
Olá Maria,
ResponderEliminarPalavras tão destemidas, tão contundentes, tão trágicas de tão reais e ordenadas numa cadência que ainda lhes realça mais a força, que não deve, nunca ser refreada.
E entre nós e elas, algures, está o nosso dever de falar, de gritar para que oiçam.
Grandioso poema.
bj amg
Impressiona, Cesariny, não é, Carmem?
EliminarBeijinhos e um bom Domingo! :)
A poesia existe para ser dita, não é? Sendo a poesia a(s) palavra(s) em estado puro, deveria ser sempre pronunciada -- e que pena que a maioria dos poemas, a grande maioria, de facto, nunca chegue a evolar-se, em voz.
ResponderEliminarBoa noite, Maria.
Sem dúvida, Xilre. É a voz que torna vivas as palavras como, por exemplo, esta: https://www.youtube.com/watch?v=1GE1ucR7mGA, lendo um outro poema belíssimo de Cesariny.
EliminarBoa noite e um bom Domingo. :)
Este poema diz-me muito..
ResponderEliminarPalavras... tão boas e tão más, ainda assim "entre nós e as palavras, o nosso dever falar"
:)
Devemos, eu também acho! :)
EliminarBeijinhos, GM! :)
Entre nós e as palavras, o silêncio cúmplice
ResponderEliminarEntre nós e as palavras, o grito que liberta
Um poema à flor dos lábios
E que belo, este teu comentário-poema!
EliminarBeijinhos, Rogério! :)
O Mário pintava a manta com palavras
ResponderEliminarO Mário dava cor a todas as palavras
O Mário não tinha medo das palavras
O Mário estafava-se em guerras de palavras.
Palavras como as do Mário... só o Mário! :)
EliminarBeijinhos, Agostinho! :)
Podemos ter muitas palavras para dizer uma coisa que aparentemente é a mesma, mas a verdade é que cada um a diz de uma forma diferente. É por isso que as possibilidades de reprodução do mundo pelas palavras são tantas...
ResponderEliminarBom Domingo, Maria:)
E isso é maravilhoso! :)
EliminarBeijinhos e uma boa semana, Legionário! :)
As palavras fundidas entre o martelo e a bigorna, batidas, sovadas, ainda assim, palavras.
ResponderEliminarAinda que articuladas no sopro último!
EliminarBeijo, Uva poetisa! :)
Sempre as palavras, ainda que possam ser as menos desejadas.
EliminarBeijo, Uvinha poetisa!
Hoje ando com uma música coladinha a mim que canta isso mesmo, «fala, alminha, ou cala-te para sempre!» - acho que posso resumir a letra assim.
ResponderEliminarSe calhar seria mais "ou falas, ou levas um murro na boca que até vês a Sra de Fátima em cima da azinheira"! :P :P
EliminarBeijinhos. :)