sexta-feira, janeiro 02, 2015

Os teus olhos



(Marc Chagall)


A Curva dos Teus Olhos

A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.


Paul Éluard, in "Algumas das Palavras" 

Tradução de António Ramos Rosa




É quando percorro a curva dos teus olhos que se iluminam os meus.

9 comentários:

  1. Os olhos são os intérpretes do coração!:)

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  2. Pena os meus olhos serem de feitio pontiagudo
    Ficaram assim, por dependerem do mundo imundo

    Faz-me bem poemas de Éluard
    arredondam-me o olhar



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    1. Um poema de amor arredonda sempre o olhar. :)

      Beijinhos, Rogério! :)

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  3. "Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar..."
    Lembrei-me desta modinha. :)
    Bom Ano, Maria!

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    1. E que bem que te lembraste! :)

      Bom 2015, Luísa! :)

      Beijinhos. :)

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  4. Fantástica associação de imagem,palavras e sons*

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  5. É na curva que eles
    se encontram.
    Na contemplação
    do belo fixam-se
    nos roseirais,
    apesar da força centrífuga.

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