domingo, agosto 10, 2014

Que me perdoem o(a)s pudico(a)s

(Di Calvacanti)


Exterior
 
Por que a poesia tem que se confinar?
às paredes de dentro da vulva do poema?
Por que proibir à poesia
estourar os limites do grelo
da greta
da gruta
e se espraiar além da grade
do sol nascido quadrado?

Por que a poesia tem que se sustentar
de pé, cartesiana milícia enfileirada,
obediente filha da pauta?
Por que a poesia não pode ficar de quatro
e se agachar e se esgueirar
para gozar
carpe diem!
fora da zona da página?

Por que a poesia de rabo preso
sem poder se operar
e, operada,
polimórfica e perversa,
não pode travestir-se
com os clitóris e balangandãs da lira?


Waly Salomão



A poesia não se prende, não se fecha numa gaiola, não se restringe a palavras bem comportadas. A poesia é um ser vivo, um sexo ardente, carne rósea pronta a explodir em orgasmos infinitos.

3 comentários:

  1. A poesia permite a renovação do nosso imaginário qualquer que seja a linguagem que utiliza...gostei!

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    1. Acho que é desta que choco alguns seguidores... :)
      A linguagem também deve ser transgressão, de vez em quando.

      Beijinhos Marianos, "Maria"! :)

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    2. Se me perguntasses o que senti quando te li, diria que não estava no meu imaginário tal libertação manual expressiva da tua mente...mas poesia é poesia e neste caso não há transgressões, há progressões...e sem alguém se chocar é porque provávelmente já perdeu metade da vida!
      Beijinhos poético-desnudos na verdadeira e simples Maria***

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