No começo do amor, quando as cidades
nos eram desconhecidas, de que nos serviria
a certeza da morte se podíamos correr
de ponta a ponta a veia eléctrica da noite
e acabar na praia a comer morangos
ao amanhecer? Diziam-nos que tínhamos
a vida inteira pela frente. Mas, amigos,
como pudemos pensar que seria assim
para sempre? Ou que a música e o desejo
nos conduziriam de estação em estação
até ao pleno futuro que julgávamos
merecer? Afinal, o futuro era isto.
Não estamos mais sábios, não temos
melhores razões. Na viagem necessária
para o escuro, o amor é um passageiro
ocasional e difícil. E a partir de certa altura
todas as cidades se parecem.
Rui Pires Cabral, in 'Longe da Aldeia'
(Roxanne Grooms)
Perto da luz das estrelas, na aldeia onde a escuridão se iluminava de pontos brilhantes no céu, nem a ideia da morte nos assombrava. Morangos? Comiam-se ali mesmo, apanhados frescos das morangueiras acabadas de regar. O amor parecia fácil. Não havia porque apanhar o eléctrico já que o futuro era o agora.
estamos sempre a viajar para o futuro...
ResponderEliminarE é sempre agora, esse diabo do futuro...
EliminarBeijinhos marianos, Tétisq! :)
Perdeu-se o encanto de descobrir e saborear as coisas a pouco e pouco. E os morangos esses são normalizados e sabem a água !
ResponderEliminarExcelente este teu post !
ResponderEliminarÉ verdade, Ricardo, perdeu-se o prazer de saborear...
Eliminar(obrigada)
Beijinhos Marianos! :)
ResponderEliminarAo contrário do que escreve Rui Pires Cabral, acho que o saber acumula-se sim... e só por isso se conseguem distinguir os cambiantes dos sabores... a cada morango comido... a cada cidade visitada.
Beijinhos em Ti sempre no presente... e sem pressas
(^^)
Talvez sim... Talvez não...
EliminarBeijinhos Marianos, Afroditezinha! :)