sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Insónia

(Pedro Abreu)


Não sabia porquê, a insónia fazia-lhe demasiada companhia de há um tempo a esta parte. Olheiras, lágrimas involuntárias e cabeça latejante são largamente compensadas com horas extra de música e muitas páginas lidas. Os sentidos também ficam mais despertos, de madrugada. A pele sensível à temperatura que desce e a arrepiar-se naquele momento certo em que o violino solta as notas mais intensas; o olhar sem distracção outra que o objecto da sua escolha; o olfacto a sentir o cheiro a café que ainda rescende da cafeteira e a faz levantar-se para lhe sentir o gosto; os sons que ecoam no silêncio com mais acutilância...
É nos sons que descobre qual a hora certa do sono, quando os pássaros gorjeiam nos primeiros voos matinais. 
"Podia morrer agora" pensa "ao som dos pássaros".


20 comentários:

  1. São noites em brancas sentidas no silêncio do corpo :)
    Muito bonito Maria :)
    beijos

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  2. Não, não quero morrer agora
    Mesmo que a insónia perdure pela vida fora...
    No amanhecer encontrarei o fim desta tormenta
    e no final permanecerei sonolenta
    até que a insónia volte
    pois que venha sem demora...
    Meu corpo frio por fora
    mas por dentro sempre quente
    mesmo contigo ausente!

    Beijinho sonolento e Carnavalesco***

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  3. Não, que eu não morra nunca e eternamente procure a perfeição das coisas....

    Adoro esta frase.
    Beijos.

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    1. Morrer ao som dos pássaros e de uma sinfonia de Biber era boa escolha! :)

      (a frase é fantástica)
      Beijos, Uvinha!

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  4. Querida amiga/Querido amigo
    O meu blog - A CASA DA MARIQUINHAS encontra-se temporariamente inactivo, a fim de que eu possa dispor de tempo para ultimar o meu segundo livro.
    A título excepcional publicarei um post no dia 14/02 para assinalar a passagem de mais um aniversário.
    Gostaria de contar com a tua presença, o que desde já agradeço.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  5. Muito bonito Maria, senti que o acordar do dia e o chilrear dos pássaros te encheram de paz.
    Deixo um beijinho :)

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  6. Aqui está uma coisa interessante. Há sempre uma alternativa à insónia à enxaqueca ao mal d'amor... Só não há remédio para a morte.
    Gostei da narrativa, Maria. Bfs.
    Bj

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  7. Texto belo, palavras exactas para sentimentos que não entendo. Não há, não sinto que haja, qualquer apelo suicidário no canto de um pássaro. Sono como morte?
    Mas então só espero que um pássaro te acorde.
    Se não agora, na próxima Primavera...

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    1. O momento é tão dele, tudo é tão intenso e tranquilo, ao mesmo tempo, que nem a morte a assustaria.
      (obrigada)

      Beijinhos, Rogério! :)

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  8. A foto é bonita, com o aroma do café ainda mais bonita...
    Morris

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