(Caroline Murtagh)
depois de ler A Faca Não Corta (de Herberto Helder)
Ah, essa faca
não corta o fogo
mas corta
o coração da pedra
florescendo
em palavras-pétalas
de ouro
(eu disse ouro?
mas quero dizer
brasa
carvão em brasa
ardendo
na fornalha)
e corta a veia
no fio
do horizonte
deixando ver
um sangue
delicado
voz abafada
grito nascendo
dessa faca
no fogo
desse corpo
(eu disse corpo?
mas quero dizer
treva
Ungrund *
buraco negro
da alma
ferida
mortalmente
Yvette Centeno
* conceito do filósofo alemão Jacob Bohme, por vezes atribuido a Eckhart, que significa (simplisticamente) "abismo interior".
Há facas
invisíveis
gumes afiados
que cortam
mais fundo
Há facas
mais fundas
que as vísceras
mais fundas
que o osso
Há facas
que laceram
a alma
Maria Eu
ResponderEliminarPois há...
Por isso eu NÃO GOSTO de facas!
Beijossssssssssss mas às colheradas!
(^^)
Eliminar(ah... esqueci-me de te contar que a voz de Jessye Norman me deixou arrepiada!)
Estas são simbólicas. Piores ainda, portanto! :)
Eliminar(é divina)
Beijinhos Marianos, sem facas! :)
Há vozes que cortam mais fundo que as facas
ResponderEliminarHá vozes que cortam
Há vozes
Para lancetar o mal, usemos facas afiadas
Ou vozes
Assim seja!
EliminarBeijinhos Maianos, Rogério! :)
Profundamente
ResponderEliminarabismal, o poema.
As facas rasgando
a sensibilidade
vertida a gotas
no corpo do mar:
amar.
E não só. A fotografia e a música criteriosamente escolhidas.
Parabéns.
Yvette Centeno inspirada por Herberto Heder só podia ser lindo, o poema! :)
EliminarObrigada, Agostinho, muito! :)
Beijinhos Marianos! :)
Há facas que deixam marcas impossíveis de reparar. :)
ResponderEliminarBeijinhos Maria :)
As invisíveis ao olhar...
EliminarBeijinhos Marianos, I! :)
Facas
ResponderEliminarQuatro letras nos matam quatro facas
que no corpo me gravam o teu nome.
Quatro facas amor com que me matas
sem que eu mate esta sede e esta fome.
Este amor é de guerra. (De arma branca).
Amando ataco amando contra-atacas
este amor é de sangue que não estanca.
Quatro letras nos matam quatro facas.
Armado estou de amor. E desarmado.
Morro assaltando morro se me assaltas.
E em cada assalto sou assassinado.
Quatro letras amor com que me matas.
E as facas ferem mais quando me faltas.
Quatro letras nos matam quatro facas.
Manuel Alegre, in “Obra Poética”
Facas em Sangue
Vivia na temperatura tépida dos lençóis
Aquele que dava pelo estranho nome
De Amor. Às vezes soltava-se
E percorria pela mão
Dos adolescentes ruas desertas, sombras
Escuras e conspiradoras - soltou-se
O Amor - alguém gritava.
E vinha o vermelho e invadia o vermelho
E assanhavam-se os gatos conscientes
Da invasão da sua noite
Solitária. Depois apagava-se
A última luz da última janela e desaparecia
O Amor na tépidez dos lençóis.
Ficava a lua, ficava
O luar azul a reflectir perigosamente
Nas lâminas das facas ensaguentadas
Dos adolescentes...
Mão Morta
Belo o seu texto Maria, cada vez há mais facas em tristes oceanos de sangue derramado!
Adoro Manuel Alegre e também gosto muito dos Mão Morta! Fizeste um leno, Legionário, obrigada!
EliminarBeijinhos Marianos e bom fim de semana! :)
Eu venho aqui e é isto. Facadas na minha ignorância.
ResponderEliminarEu pelo menos, Maria, escrevo e tu percebes..
Isto assim fica muito desiquilibrado.
;)
Ora! Brincalhona, pá!
EliminarBeijinhos Marianos, Uvinha! :)
Facas só na cozinha.
ResponderEliminarÉs terrível, Maria :-)
Beijinhos observadores.
Então e no talho, hein? ;)
EliminarBeijinhos Marianos, Observador! :)
Armas brancas
ResponderEliminarDas fatais.
EliminarBeijinhos Marianos, MA! :)