A VOZ (Capítulo I) - Teia de Folhas de Papel
A VOZ (Capítulo II) - A elasticidade do tempo
A VOZ (Capítulo III) - A vez da Maria
A VOZ (Capítulo IV) - Talqualmente Outro
A VOZ (Capítulo IV) - Talqualmente Outro
Ele
Clara e melodiosa, assim a recordava. Nem se tinha apercebido o quanto o emocionara a melodia daquela torrente de palavras que lhe ia chegando, em resposta ao telefonema que instintivamente fizera, enquanto conduzia a velocidade moderada, sob chuva grossa, na A3. Sabia de cor cada hesitação, cada sorriso, cada embargamento quase desmanchado em lágrimas. Tinham ecoado no habitáculo do automóvel, à mistura com o som das bátegas no pára-brisas e a música que tocava baixinho no leitor de Cds.
Havia um desejo intenso de ousar ligar-lhe de novo. Os dedos ensaiavam a marcação do número...
Ela
Intensa e quente, assim a recordava. Sabia quanto se perturbara, como não parara de falar sem dizer nunca o que sempre tivera vontade de dizer. Ouvira cada palavra como se tivesse nascido para ouvi-las, apenas. Só uma música de fundo se adivinhava, como que composta expressamente para aquele momento.
Nas mãos, o telemóvel, onde sabia ter registado o número. O coração disparado, na ânsia de ouvir de novo aquela Voz "que lhe faz estremecer o corpo inteiro", os dedos ensaiando o toque no ecrã...
Ambos marcaram o número em simultâneo. Ficaram em linha, ouvindo o sinal de ocupado do outro lado até a chamada se desligar automaticamente.
Continuariam, assim, as suas vozes, a encontrar-se "todas as noites, na mais perfeita estratégia de sobrevivência, para se amarem apaixonadamente, à hora combinada, cada uma na sua cama..."
*Continuação no blog Talqualmente Outro, pelo Outro Ente.
Um desencontro
ResponderEliminarpor coincidência
tem a probabilidade mínima de se repetir
mas, ao que parece, a coincidência tem hora marcada
até para a partilha da almofada
Quem sabe se repete? Ou, então, não...
EliminarBeijos, Rogério. :)
Ideia criativa e bem conduzida :)
ResponderEliminargostei :)
beijo amigo
Obrigada. A origem está na Sandra.
EliminarBeijos, Daniel. :)
Há desencontros maravilhosos.Acho eu*
ResponderEliminarAlguns, sim.
ResponderEliminarBeijos, Til. :)
Maria :) que maravilha!
ResponderEliminarA Voz quer ganhar corpo e asas...Quiça :)
Beijinho e gostei muito :)
O mérito é todo teu e, logo a seguir, do JM. Gostei muito de me pôr na pele da(s) Voz(es).
EliminarBeijos, Sandra. e muito obrigada. :)
Desencontros momentâneos, reencontros possíveis, quem sabe :) Gostei tanto
ResponderEliminarQuem sabe...
EliminarBeijos, GM. :)
Deliciosa esta insistente simbiose de vontades falhadas. O pormenor da A3 em dia de chuva grossa, então, é irrepreensível - qual estrada de Sintra de Eça e Ramalho.
ResponderEliminarMusica fantástica. Bom demais, Maria Tu, bom demais. Obrigado.
Abraço
Ui! Olha que assim babo o teclado e depois como é que escrevo? (exagerado, pá)
EliminarBeijos, JM. :)
Será que se casaram nos santos populares?
ResponderEliminarBelo texto
Acho que daqui pode sair tudo menos casamento de Santo António. :)))
EliminarBeijos, Puma, e obrigada. :)
Parabéns Maria! :) 3 vozes, 3 textos maravilhosos :)
ResponderEliminarUm beijo
Muito obrigada, I! :)
EliminarBeijos. :)
Muito bonito Maria :) Parabéns!
ResponderEliminar:)
Obrigada, JT.
EliminarBeijos. :)
Lindo texto, Maria :)
ResponderEliminarLá vou eu, a correr, para o Ente, que isto não pode ficar assim...
:)
Beijos
Obrigada, Linda. É algo que gosto muito de fazer, este exercício de encadeamento de histórias numa só.
ResponderEliminarBeijos. :)
Que texto fantástico, Maria...
ResponderEliminarAdorei!
Muito obrigada, Ricardo.
EliminarBeijos. :)