quarta-feira, setembro 03, 2014

De uma certa saudade



 (Haris Lithos - Mediterranean Sea)

"E tu, porque não vens ter comigo, mesmo que seja em sonho, agora que as buganvílias começam a acordar em banho de roxo e ouro pálido e do céu baixo se solta um vento quase caricioso, que vai deixando dedadas mornas por aqui. (...) Esta sede de ti que não se extingue! (...) Sinto as pequenas vagas a esfrangalharem-se nos recifes, a marulharem ao longe. A pele escalavrada da memória dissolve-se nesta exaltação. Sorris-me. O teu torso desnudo no fundo azul da tarde mais azul (...) Parece que alguém lavra um campo, imagino os braços fumegantes da terra a abrirem-se de espanto, tal como em espanto e amor se abre outra vez o teu corpo."

Urbano Tavares Rodrigues, in Margem da Ausência




Há uma certa saudade que só tem remédio quando a terra é lavrada de novo, num ciclo em que ao arado manobrado por mão firme se segue o plantio no rasgão, fundo, ainda em estretores do embate das lâminas, ávido de semente.

17 comentários:

  1. Talvez a saudade não esteja na distância das coisas, mas numa súbita fractura de nós, num quebrar de alma em que todas as coisas se afundam...:)

    ResponderEliminar
  2. Adoro buganvílias e rosas...

    ResponderEliminar
  3. Então!!!!!!!!!!!!! ?
    O que é isto? ...estou chocado, Maria Tu!! :P

    Beijinhossssssssssssss*****************************

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas porquê? Nunca viste um campo a ser lavrado?

      Beijinhos Marianos, miúdo! :)

      Eliminar
  4. Subtil imagem essa do lavrador... :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um lavrador experiente... :)

      Beijinhos Marianos, Luisa! :)

      Eliminar
  5. ;)

    beijinhos (não vinha aqui há algum tempo, mas continua tudo lindo)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gosto tanto de te receber aqui! :)
      (Obrigada)

      Beijinhos marianos, je suis...noir! :)

      Eliminar
  6. Já te disse que tenho uma certa queda para a lavoura?

    ResponderEliminar
  7. E gostei muito do texto...Havia muito para dizer, mas não cabe neste quadradinho. Fica apenas a semente ;-)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Adoro Urbano Tavares Rodrigues! Em todos os seus registos.

      Beijinhos Marianos, Tio algarvio! :)

      Eliminar
  8. Primeiro há que estrumar... só depois é que vem a semente.
    :)
    Dois belos textos!

    ResponderEliminar
  9. Obrigada, Rui! :)

    Beijinhos Marianos! :)

    ResponderEliminar
  10. Sentir de novo a maquinaria e o lavradio, deixa a terra pronta para a sementeira. :)

    Kiss

    ResponderEliminar