quarta-feira, setembro 03, 2014

Josefa e Johannes

Creio que Josefa jamais terá visto um Vermeer e que Vermeer nunca terá ouvido falar de Josefa. A primeira, portuguesa por parte do pai, espanhola por parte da mãe. O segundo de Delft, na Holanda.

Não teve Josefa a grandeza do holandês mas foi uma das quatro mulheres referenciadas como pintoras barrocas de relevo,  juntamente com Louise Moillon (França), Clara Peeters (Flandres) e Fede Galizia (Itália).

Josefa de Óbidos, nascida Josefa de Ayala Figueira (1630-1684), desde cedo revelou tendência para as artes, nomeadamente para a pintura e para a gravura em metal, lâminas de cobre e prata. O pai, Baltazar Gomes Figueira, também pintor com algumas encomendas, embora de pouco reconhecimento, fê-la apadrinhar por Francisco Herrera, El Viejo, figura da pintura barroca espanhola com algum destaque.

Rapariga determinada, não deixa que a enclausurem para a vida no convento para onde a mandaram aos 16 anos (embora seja no convento que aperfeiçoa a arte) e regressa a Óbidos, onde se destaca pelas obras que incluem naturezas mortas e painéis religiosos. 




Teria por volta de vinte anos quando fez a gravura da edição dos novos Estatutos da Universidade de Coimbra e foi, ainda, retratista da Família Real Portuguesa,  sendo de realçar os retratos da rainha D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, mulher de D. Pedro II e da filha, princesa D. Isabel, o desta aquando do seu noivado com Vítor Amadeu, duque de sabóia, a quem terá sido enviado.




Houvesse televisão e internet no período Barroco e certamente Johannes e Josefa teriam comentado a obra um do outro no reduto dos seus lares ou, quem sabe, trocariam emails sobre técnicas de pintura.

 

6 comentários:

  1. O Barroco com os seus contrastes mais fortes, a maior dramaticidade, exuberância e realismo e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual, só prova que a moral da arte reside na sua própria beleza...
    Se nessa época houvesse internet Maria, pergunto eu como seriamos nós na actualidade.:)

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    1. O Barroco tem aquela sensualidade que emana do excesso e nos atrai. Gosto muito, apesar de ser simples. Principalmente da música.

      Beijinhos Marianos, Legionário! :)

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  2. Oh!
    O barroco, o barroco
    diz-me tão pouco...

    Quanto mim
    se houvesse televisão
    não teriam obra assim

    (entravam depressa no surrealismo)

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    1. E, porém, foste tu que me fizeste lembrar a Josefa! :)

      Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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    1. Obrigada eu, Miak, pela visita e pelas palavras!

      Beijinhos Marianos! :)

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