sábado, setembro 20, 2014

Casa

(Miroslava Zaharieva)

Tinham-lhe ensinado que um tijolo era um tijolo e que, fazendo argamassa, colocando-a a segurar tijolo com tijolo, ergueria uma parede. Ergueria, talvez, mais do que uma parede, uma casa, e nela se fecharia, forte, desde que não lhe deixasse portas ou janelas. Tornou-se uma construtora extraordinária. Admiravam-lhe a arte, a segurança dos alicerces, a perfeição das paredes sem fissuras, a segurança inabalável.
Naquele Verão a terra tremeu, um terramoto sem memória. Abriu-se uma junta de tal forma que o sol entrava a rodos casa adentro. 
- Ai é assim, o sol dentro de casa? perguntou-se, sentindo o calor na pele branca. 
Deitou-se ao trabalho e rasgou uma porta, duas portas, logo se seguindo um número infinito de janelas. Disseram-lhe que o Estio estava aí, rondando, mas isso não a deteve. Viesse o frio! Agora, era Verão!

12 comentários:

  1. A forma como planeamos um espaço tem menos a ver com construção e mais com a reformulação do comportamento que aquele próprio espaço oferece...

    Bom Domingo Maria:)

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  2. As paredes foram feitas para serem destruídas. Ninguém consegue impedir o sol de entrar :)
    Beijinhos Maria :)

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  3. Há que rasgar várias portas e janelas para deixar o sol entrar. Só assim a Casa fica habitável. :)
    Bom Domingo, Maria!

    Kiss

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    1. Sempre em prol da habitabilidade! ;)

      Beijinhso Marianos, Vénus! :)

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  4. Belo texto. :) Aproveitemos então o pouco Verão que ainda nos resta. :)

    Bela música. :) O Concerto Italiano do Bach é uma das minha obras favoritas. :)

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    1. Obrigada, amarelinho da música! :)

      Temos bom gosto, ambos! :P

      Beijinhos Marianos, EM! :)

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    1. Muito obrigada, Miak!
      Também gosto do teu cantinho das letras! :)

      Beijinhos Marianos! :)

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  6. De tijolo em tijolo, depois de brecha em brecha... vai-se aprendendo a vida. :)

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    1. E de calor e frio, também!

      Beijinhos Marianos, Luisa! :)

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