quarta-feira, novembro 05, 2014

Óculos de sol

(Flora Borsi)

Havia, na claridade daquele olhar, um mundo inteiro onde só apetecia entrar. Fechou os olhos, tacteou o interior da bolsa até sentir a forma ovalada e a textura levemente rugosa da caixa dos óculos de sol, retirou-os de dentro dela e, sempre de olhos fechados, pô-los, não fossem aqueles olhos levá-la por caminhos demasiado luminosos, cegando-a.


10 comentários:

  1. Um ensaio sobre a cegueira humana...
    Ver ou não Querer ver? Eis a questão!

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    1. Ou querer e saber que não se pode ver...

      Beijinhos Marianos, Maria! :)

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  2. "...se antes de cada acto nosso,
    nos puséssemos a prever todas as consequências dele,
    a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis,
    não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar."

    José Saramago Ensaio sobre a cegueira

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    1. "O" livro de Saramago, esse! O meu favorito!

      Beijinhos Marianos, Legionário! :)

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  3. o maior cego é o que não quer ver...

    beijinho

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    1. Pois é, Tétisq! :)

      Beijinhos Marianos, com alegria por te "ter" de volta! :)

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  4. Tenho uns óculos de sol
    jazem onde não sei

    ainda bem!

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    1. Pudesse eu dizer o mesmo... Tenho uma enorme fotofobia!

      Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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  5. "Un bel di vedremo" é uma das árias de ópera mais bonitas que eu conheço . A imagem (foto) é excelente !
    O texto tem uma gralha "até sentir a foram ovalada", emenda-o, por favor, porque é bonito !!!

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    1. Comove-me até às lágrimas, muitas vezes, esta ária!
      Obrigada! (gralha corrigida)

      Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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