Juan abre um sorriso ao meu «buenos dias» e, pouco depois de arrancar em direcção ao hotel, não resiste a perguntar-me de onde venho.
"Ah! Portugal!", diz, sorrindo ainda mais. "Festejam agora a vossa revolução! Tão importante que foi para a nossa Democracia! E souberam acertar as vossas contas. Já nós... sabias que Franco quis que os EUA enviassem tropas para esmagar as vossas ambições de liberdade? O «cabrón» do Kissinger! Mas parece que o Mário Soares lhe garantiu, a esse «cabrón de mierda», que ´não se passaria nada.", continuava, entusiasmado. "Pena estarmos divididos por uma fronteira. Somos tão parecidos!"
Sorri e disse "Sim,somos parecidos, mas os portugueses pouco se deixaram dominar por Espanha. Basta olhar para a História. Não ia ser agora..."
(Retrato de Felipe IV, rei de Espanha, Diego Velázques)
"Claro, «mujer! No te molestes!»" Juan fala agora da grandeza cultural de um país tão pequeno. "Gosto muito de Saramago, um «grandíssimo» escritor. E de Pessoa! Enorme!"
Foi livreiro 30 anos, este taxista entusiasta de política e de literatura. "«Tenemos que ganarlo, sabes? Los libros son bellos mas...»"
Deixo uns euros para além do preço da corrida. "Talvez compre um livro!", diz-me, em jeito de despedida.
Os taxistas são uma inesgotável fonte de informação, um bom retrato da sociedade, sempre actualizados! :-)
ResponderEliminarQue bom teres regressado, Maria!
Um beijinho,
Susana
Não conhecia este Velasquez... acho que ele tinha mais jeito para pintar meninas... :-)
Este Velasquez não teve foi um homem muito atraente com modelo... :p Escolhi-o por retratar Felipe IV de Espanha, que também reinou em Portugal.
EliminarBeijinhos Marianos, Susaninha! :)
Reparo, agora que te leio, que pouco ou nada falei (lá, no meu espaço) de meu pai. Meu pai era "taxista" grande ouvidor e pouco falador. Quando ouvia, não se intrometia. Até que um dia... se intrometeu. Falou da vida, do que ouvia sem se intrometer, deu testemunho, fez discurso, falou de lágrimas, de quem sofria, de mudança, de abastança à custa de quem nada tem... no fim, os "clientes", identificaram-se, e prometeram-lhe uma visita. Meteram-lhe um medo conhecido, mas que nunca tinha sentido. A partir daí, meu pai, foi (ainda mais) meu amigo... e eu reforcei as convicções que já tinha. Não sei se chegou a conhecer Saramago, mas não me admiraria se já tivesse transportado todos os seus personagens ...
ResponderEliminarEm compensação, acabaste de lhe fazer aqui uma belíssima homenagem! :)
EliminarBeijinhos Marianos, Rogério! :)
Consiste o progresso no regresso às origens: com a plena memória da viagem:)
ResponderEliminar:)
EliminarBeijinhos Marianos, Legionário! :)
Somos pequenos mas apesar de tudo resistentes :)
ResponderEliminarBeijinhos Maria :)
Às vezes julgo que até o somos em demasia...
EliminarBeijinhos Marianos, I! :)
Temos diferenças, eles são mais pragmáticos, e muito em comum. Não é só a Ibéria...
ResponderEliminarPois não, Rui.
EliminarBeijinhos Marianos! :)