Por acaso, ontem estava a pensar nisto, mas em relação à morte do corpo. Também "exijo" que não me sujeitem a prolongamentos. Quanto à morte interior, imagina o que seria se, de cada vez que morremos por dentro, nada nos prolongasse a vida. Morríamos efectivamente ao primeiro desgosto...
Existe a morte derradeira e existem as outras formas de morte e para as outras formas de morte, há a esperança de ressuscitação. E a esperança, trava o cumprimento desse tipo de testamentos.
Maria, eu fui cuidadora, durante um pouco mais de oito anos de uma pessoa com alzheimer. A minha avó materna, a quem amava profundamente. A minha avó deixou, obviamente de saber quem era. Deixou de saber quem eu era, mas mesmo sem saber quem eu era, nunca deixou de gostar de mim e de me sorrir, fosse eu quem fosse. Deixou de saber de si, mas não perdeu a capacidade de sentir afeto e isto eu considero, "ressuscitações" em mortes que acontecem por dentro e que só a derradeira leva. Eu percebo perfeitamente essa frase do post, eu também não queria que me deixassem continuar a viver "morta por dentro", mas esse é um pedido feito, enquanto se tem consciência de si? e depois, como seria?. Seja como for, eu hoje sei, por experiência própria, que não ia cumprir esse tipo de testamento. Se a minha avó me tivesse pedido antes uma coisa dessas, por exemplo, eu não ia conseguir cumprir. A minha avó só esteve acamada dois meses antes de morrer e tenho a certeza que no meio de muitos momentos dolorosos, também teve momentos felizes, porque sorria muitas vezes e outras, ria mesmo das minhas parvoíces, (puxei por ela o mais que consegui) e isso é vida por dentro, de uma maneira diferente daquela que conhecemos e que não queremos conhecer, mas ainda assim, é vida por dentro.
A tecnologia existe. Mas é brutal obrigar uma pessoa a sobreviver em estado vegetativo. Nessa situação preferia o ponto final. É o melhor para todos. Beijinhos
Sabemos pouco da morte. Parece normal que assim seja. A nossa triunfante cultura tem aversão à morte e ao limiar que a anuncia. A não ser metafóricamente, não me lembro de conhecer pessoas mortas por dentro, conheci algumas em que a comunicação deixou de ser possível. A morte interior mesmo nas pessoas profundamente sedadas parece não ocorrer devido a "uma pequenina luz bruxuleante" como diz no poema Jorge de Sena.
Maria, a ausência de vida, interior, é a causa mais frequente do desequilíbrio total de nossa vida, em qualquer dos seus momentos. A vida interior, por falta de “alimento substancial”, vai assim desaparecendo até morrer e ser substituída pelo activismo desordenado que domina os nossos tempos.
Não aceito teu testamento
ResponderEliminarSó querendo, se morre por dentro!
A outra morte
é ela quem escolhe...
Quando vemos quem amamos sem vida interior não queremos ter a mesma sorte...
EliminarBeijinhos, Rogério. :)
Por acaso, ontem estava a pensar nisto, mas em relação à morte do corpo. Também "exijo" que não me sujeitem a prolongamentos.
ResponderEliminarQuanto à morte interior, imagina o que seria se, de cada vez que morremos por dentro, nada nos prolongasse a vida. Morríamos efectivamente ao primeiro desgosto...
Beijinhos, Maria :)
Refiro-me à morte da consciência...
EliminarBeijos, Lindinha. :)
Existe a morte derradeira e existem as outras formas de morte e para as outras formas de morte, há a esperança de ressuscitação. E a esperança, trava o cumprimento desse tipo de testamentos.
ResponderEliminarBoa noite, Maria :)
Não quando começas a não te reconhecer, Cláudia...
EliminarBeijos. :)
Maria, eu fui cuidadora, durante um pouco mais de oito anos de uma pessoa com alzheimer. A minha avó materna, a quem amava profundamente. A minha avó deixou, obviamente de saber quem era. Deixou de saber quem eu era, mas mesmo sem saber quem eu era, nunca deixou de gostar de mim e de me sorrir, fosse eu quem fosse. Deixou de saber de si, mas não perdeu a capacidade de sentir afeto e isto eu considero, "ressuscitações" em mortes que acontecem por dentro e que só a derradeira leva.
EliminarEu percebo perfeitamente essa frase do post, eu também não queria que me deixassem continuar a viver "morta por dentro", mas esse é um pedido feito, enquanto se tem consciência de si? e depois, como seria?. Seja como for, eu hoje sei, por experiência própria, que não ia cumprir esse tipo de testamento. Se a minha avó me tivesse pedido antes uma coisa dessas, por exemplo, eu não ia conseguir cumprir. A minha avó só esteve acamada dois meses antes de morrer e tenho a certeza que no meio de muitos momentos dolorosos, também teve momentos felizes, porque sorria muitas vezes e outras, ria mesmo das minhas parvoíces, (puxei por ela o mais que consegui) e isso é vida por dentro, de uma maneira diferente daquela que conhecemos e que não queremos conhecer, mas ainda assim, é vida por dentro.
É difícil, de facto.
EliminarFico impressionada com a tua dedicação, Cláudia!
O tema da eutanásia e da distanásia foi o que escolhi, há muitos anos, para o meu trabalho de final de estágio de advocacia.
ResponderEliminarBeijinhos
Pergunto-me se vale a pena prolongar algo que já pouco tem de vida.
EliminarBeijinhos, Pedro
A tecnologia existe.
EliminarMas é brutal obrigar uma pessoa a sobreviver em estado vegetativo.
Nessa situação preferia o ponto final.
É o melhor para todos.
Beijinhos
Da maneira que escreve acredito que isso irá demorar pelo que não tenha pressa.
ResponderEliminarMuito obrigada! :)
EliminarVemos quem amamos a perde-se dentro de si mesmo e é inevitável questionarmo-nos.
Beijinhos, Urso Misha. :)
Talvez morramos e renascemos um pouco a cada dia.
ResponderEliminarTalvez, enquanto estivermos lúcidos.
EliminarBeijos, Isabel. :)
Quantas vezes morremos cá por dentro, quantas acabamos por renascer. Sempre existe algo que nos faz ter esse querer e ainda bem. Abraço Maria
ResponderEliminarSim, mas só enquanto conseguimos percebê-lo, GM.
EliminarBeijos. :)
Ser apenas corpo sem vida dentro é doloroso.
ResponderEliminar:)
Beijinho Maria
Para o próprio, haverá momentos em que não seja mas para os outros...
EliminarBeijos, JT. :)
Quando estamos mortas por dentro é tão difícil de dar e amar os outros!
ResponderEliminarBela escolha no quadro, gosto muito do Freud.
beijinhos
Há muitos tipos de morte intrior. Uns mais graves do que outros.
EliminarBeijinhos, ars. :)
Sabemos pouco da morte. Parece normal que assim seja. A nossa triunfante cultura tem aversão à morte e ao limiar que a anuncia. A não ser metafóricamente, não me lembro de conhecer pessoas mortas por dentro, conheci algumas em que a comunicação deixou de ser possível. A morte interior mesmo nas pessoas profundamente sedadas parece não ocorrer devido a "uma pequenina luz bruxuleante" como diz no poema Jorge de Sena.
ResponderEliminarQuanto mais envelheço, mais duvido que essa luz bruxuleante exista. Talvez envelhecendo ainda mais a vislumbre.
EliminarBeijinhos, Luís. :)
Nestes casos, morre-se tudo de uma só vez. E é tão cruel que nos esmaga completamente.
ResponderEliminarUm abraço apertado, querida Maria
Cruel é o melhor adjectivo.
EliminarOutro de volta, querida Miss Smile. :)
Maria, a ausência de vida, interior, é a causa mais frequente do desequilíbrio total de nossa vida, em qualquer dos seus momentos.
ResponderEliminarA vida interior, por falta de “alimento substancial”, vai assim desaparecendo até morrer e ser substituída pelo activismo desordenado que domina os nossos tempos.
E, ainda, há quem não seja capaz de tê-la por limitações que lhe são estranhas.
EliminarBeijinhos, Legionário. :)
Temos que te ressuscitar!
ResponderEliminar:)))
Ainda não, A. Jorge, ainda não.
EliminarBeijinho. :)
Que frase superior esta tua! Olá Maria!
ResponderEliminarOlá, Uva gostosona! :))
EliminarObrigada, muito.
Beijos. :)
Há gente que põe a vida no prego e
ResponderEliminarHá gente que põe um prego na gente
E há morte que vem com a gente
Desde que nasce até à morte.
Acho que te entendi, Maria.
Bj.
A matur(a)idade gera entendimento.
EliminarBeijinhos, Agostinho. :)