O sol tinha-lhe mordido a pele com volúpia, deixando-lhe as marcas dos dentes nos mais íntimos recantos do pescoço, no recorte do colo... Afundara-se no vale em passos irregulares, contornando vinhas, seguindo borboletas, parando ao voo de um melro. Lembrara-se de Ema, tão bela, a mulher de Vale Abraão. Hesitante no passo, curiosa das coisas da vida. "Um estado de alma em balouço", não era, Agustina? Seria Ema, por instantes. Procurou no bolso o lenço, não de pano, como o dela, mas de papel. Abriu-o e estendeu-o no xisto de um socalco. Com um suspiro, sentou-se. Não havia vindimadores. Setembro ainda tardava. Havia aquele sol abrasador, o azul do rio e a dolência de uma canção longínqua, talvez de uma mulher na lida do campo, cuidando da horta, bem rente aos vinhedos.
Regressara com a primeira brisa, já o sol mergulhava nos montes. Arrepiara-se. Talvez fosse melhor ir buscar um casaco. Afastara-se do rio. Ao contrário de Ema que morrera nele, era à água ora verde, ora azul, que ia buscar a sua força.
Bom regresso, Maria!
ResponderEliminar(Em grande, com um belo post.)
Beijo
Muito obrigada, querida Isabel. :)
ResponderEliminarBeijos. :)
Refrescante o teu texto, como a brisa temperada de um fim de tarde de verão :)
ResponderEliminarFica um beijinho e votos de bom fim-de-semana.
Obrigada, Sandra.
EliminarUm beijo carinhoso e um bom fim de semana par ti, também. :)
como sempre... texto lindo.
ResponderEliminarbj doce
Obrigada, Sinner.
EliminarBeijinhos. :)
Talvez não seja tão próximo. nem tão encantado o cenário
ResponderEliminarmas vou senti-lo assim o sítio para onde amanhã parto
Tenho três certezas: há melros, um rio e muito verde
Aproveita ao máximo, Rogério. :)
EliminarBeijinhos. :)
Uma frescura imensa como as cascatas do Gerês este seu Post.
ResponderEliminarBom fim de semana, Maria! :)
Não fora o xisto e poderia, até, ser no Gerês. :)
EliminarBeijinhos, Legionário, e bom fim-de-semana para ti, também.
Um trecho magnífico, com a autenticidade das coisas simples, a evocar memórias de um ambiente rural onde o sonho levanta surpreendentemente, quando menos se espera nas asas de um melro
ResponderEliminarPor falar em melros... tenho dois amigos a esvoaçar baixinho no jardim. Até se deixam pegar para lhes medir o ritmo cardíaco...
Um regresso em grande, Maria.
Quem ama o campo, ama a vida.
ResponderEliminarMuito obrigada, Agostinho!
Beijinhos. :)
Olá, Maria
ResponderEliminarÉ só para dizer que ainda estou a trabalhar no novo blogue. Este link é definitivo.
Um beijinho e obrigado!
As armadilhas da internet são infinitas, de facto.
EliminarObrigada! :)
Beijinhos. :)
ResponderEliminarAinda há dias estive sentada numa manta ao pé de um rio a tentar escutar o que ele me segredava...
Sabe tão bem ler-te!...
Beijinhos segredados
(^^)
Os rios e o mar são assim mesmo, desafiadores.
EliminarObrigada, amiga!
Beijos. :)
Sinto-me uma privilegiada, Maria. Quando abro a porta da minha casa, dou de caras com árvores, já bastava, mas estas, ainda por cima, dão frutos. Todos os anos, na mesma altura. Sinto-me uma privilegiada, porque posso pegar numa cesta e apanhar nêsperas, ameixas, pêras pérola, ginjas, figos e maças, que estão ali à mão de semear. Os melros e os pardais, também lá andam, numa cantoria pegada, também são grandes apreciadores de fruta. À noite, dá para ouvir o silêncio, dá para demorar a olhar as estrelas em dias de céu limpo, enquanto se beberica café, ou chá. E quando chove, há a possibilidade de sentir, um dos melhores cheiros que existe, o da terra molhada. Às vezes penso, que tipo de pessoa seria se vivesse enjaulada num prédio, seria uma fera?. Às vezes, acordo profundamente apaixonada pelo mundo. Estou convencida, que o facto dele se apresentar num pequeno resumo que se aproxima do seu estado mais puro, ali à entrada da porta, contribui grandemente para isso. O mar e o rio também estão muito perto.
ResponderEliminarSim, Maria, o verde e o azul, são fundamentais. O verde e o azul, são as cores do mundo em estado puro, as cores que nos podem fazer apaixonar profundamente por ele. E uma pessoa apaixonada pelo mundo, fica com muito mais força.
Boa noite, Maria. :)
Tão bom, poder acordar e abrir a janela para o verde das árvores e o azul do céu! Só o faço de vez em quando, na casa dos meus pais. Aí, tenho o meu quarto sobranceiro a uma nespereira e, logo a seguir, perfilam-se outras árvores, vinhas, flores...
EliminarViver com essa paixão torna-nos mais fortes, sim!
Beijinhos, Cláudia, e obrigada. :)
Augustina tem alma portuguesa, pois parece que todos nós sentimos falta do mar.
ResponderEliminarsempre ouvi isto, mas houve uma altura em que passava todos os dias na marginal e gostava de olhar para o mar e tive a trabalhar em Algés e ver o rio tão dentro duma cidade, uma boa mistura.
Belo texto, continue por cá muito tempo, sempre é uma lufada de ar fresco pela "blogo"
Deve ser aquela coisa da alma lusitana, gostar do mar e dos rios. :)
EliminarMuito obrigada, Urso Misha!
Beijinhos. :)