Havia um armário no fundo do quarto grande onde, de quando em vez, ecoavam estranhos ruídos. Pareciam vozes, risos, choros, gritos... Um dia, disseram-lhe que aquele era o local onde Rosalina guardava as suas memórias. Catalogava-as por sentimentos: a Ternura, o Amor romântico, o Amor carnal, A Tristeza, A Alegria, A Dor excruciante, ... Tinha, ainda, o cuidado de ir deixando bolas de naftalina pelo meio delas, não fosse alguma traça esburacá-las, amputando-as dos detalhes. Cuidava, também, que a porta estivesse fechada com duas voltas. Afinal, as memórias eram suas e não as queria vividas por mais ninguém.
Tantas são as Rosalinas
ResponderEliminarde rastos nos armários
Muitas, sim, Puma.
EliminarBeijo. :)
Por vezes sinto que as traças me tomam contam da memória. Há nela buracos que não consigo recuperar. Devia ter arranjado bolas de naftalina, é o que é... :)
ResponderEliminarEstou como tu, Luísa! Raio de traças de memória!
EliminarBeijos. :)
Ninguém nos toma, ou vive as nossas memórias. Só as perdas de memória nos levarão para o limbo do vazio, Maria. Já o nosso legado será transmitido, quiça através de uma peça que ficou no armário. Gostei muito Maria:)
ResponderEliminarBeijinho querida :)
Um armário virtual, talvez. :)
EliminarBeijos, Sandra. :)
Querida Maria Eu,
ResponderEliminarDiria que a naftalina é desnecessária, tanto porque as memórias podem ser rememoradas mas não usurpadas, quanto porque as traças virão apesar dela. Que sera sera.
Boa noite,
Outro Ente.
A inevitabilidade da perda... Temo-a!
EliminarBeijos, caro Ente, e obrigada pelas sempre simpáticas e adequadas palavras. :)
A idade não perdoa...e muitas memórias vão-se apagando lentamente,
ResponderEliminarBeijinho, Maria!
Pois vão, Ricardo. Fechamo-las num armário? :)
EliminarBeijos. :)
Não invejo o armário da Rosalina.
ResponderEliminarEu guardo no meu baú, sem qualquer naftalina
As memórias rabiscadas
ou ilustradas
lançadas a esmo, ao "deus-dará"
Mas...
Quando as procuro, elas estão lá
e o baú é aberto
como não podia deixar de ser
Quer abrir? Pode espreitar! Pode ver!
Gosto dessa tua abertura a partilhar memórias, Rogério!
EliminarBeijos. :)
É bom que a naftalina seja de boa qualidade. Para que as bolas só tenham que ser substituídas de longe a longe :)
ResponderEliminarEheheheheh! Senhor, de que bolas falais vós? :P
EliminarBeijos, Ness. :)
É contraditório sabes...
ResponderEliminarFechamo-as num armário para não as perder (e para nos protegermos também). Mas tudo aquilo que encerra acaba por se ir perdendo lentamente. As memórias não são estáticas, não conseguimos prendê-las, segurá-las. O tempo encarrega-se de modificar a nossa visão sobre elas ou, tantas vezes, apagar parte essenciais da história que não queríamos esquecer.
Um armário (eu uso o termo gavetas) não nos salva as memórias. A prova é de que cada vez que o abres fica a sensação de que falta alguma coisa.
Beijinho Maria!
Gosto de revisitar as minhas memórias. Gosto, até, de partilhá-las.
EliminarBeijos, S.o.l. :)
Esqueletos dos outros nos armários, não obrigada.
ResponderEliminarJá me basta o meu próprio esqueleto, que carrego todos os dias.
Bom dia Maria. Estás boa?
Também dispenso esqueletos. (tens sorte que eu carrego o esqueleto mais as banhas, pá)
EliminarBoa noite, querida Uvinha, estou boa e tu? :)
Beijo.
Mais uma vez... Venho aqui e fico a contemplar, a tua linda imagem "sui generis", a ler o teu excelente texto e a ouvir esse fandango agradabilíssimo !!! Obrigado Maria
ResponderEliminarE mais uma vez, resta-me agradecer-te! :)
EliminarBeijos, Ricardo. :)
E tantas são as memórias que guardamos, apenas nossas!
ResponderEliminarLindo Maria.
Muitas, mesmo.
EliminarObrigada, SD, e um beijo. :)
Se os abafos e afagos valerem a pena não há traça que lhe ponha o dente .
ResponderEliminarBj Maria
Olha que há algumas traças que são do piorio! ;)
EliminarBeijos. :)
Desmemoriada como ando, acho que já lá nem vai com armários ou portas fechadas com duas voltas!
ResponderEliminarAdorei o texto, Maria, e o acompanhamento musical.
Somos duas, então! :)
EliminarMuito obrigada!
Beijos, Maria. :)
O trilho, por vezes, leva-nos ao lugar errado.
ResponderEliminarPor vezes :)