Maria Isabel vivera tempos de míngua, durante os quais não se pensava para além da subsistência e se guardava a saia de pregas azul-marinho e a blusa branca com gola de renda para ir à missa de Domingo. Usava vestidos de chita ou de fazenda grossa (picava, a fazenda, a pele branca e fina de Maria Isabel) até estarem tão curtos que a mãe entendia aproveitá-los para panos do pó ou do chão, já que as pernas de fora começavam a atrair os olhares cobiçosos dos vizinhos. Isto, para não falar dos sapatos, os domingueiros, de verniz preto, e os da semana, de couro grosso, comprados uns dois números acima (algodão em rama na biqueira impedia os pés de saírem ao andar) e deixados quando os dedos se dobravam do aperto.
Talvez por nunca ter esquecido esses tempos menos folgados, fosse contida nos gastos. Quando lhe perguntavam porque razão era sempre tão cuidadosa ao comprar um vestido ou um casaco, comparando preços, aguardando os saldos, respondia: A quem pouco teve, pouco basta.
"A quem pouco teve, pouco basta." Eu acrescento que, a quem pouco basta, muito tem.
ResponderEliminarUm beijinho, Maria :)
Muito certeiro, o teu comentário, AC!
EliminarBeijinhos. :)
Subscrevo as sábias palavras do AC! Podiam servir de moral da história para o teu bonito texto.
EliminarUm beijinho, Maria :)
That's it!!
ResponderEliminarBeijinhos Maria é bom ano!!
Bom ano, ars!
EliminarBeijos. :)
Estou com a AC, a quem pouco basta, muito tem.
ResponderEliminar:)
E era bom que a todos bastasse pouco.
EliminarBeijos, Sónia. Bom ver-te aqui. :)
Muito bom, Maria!
ResponderEliminarBeijo
Muito obrigada, Isabel. :)
EliminarBeijos. :)
O texto fez-me lembrar os meus avós, tiveram os seus cinco filhos durante a 2º guerra e habituados a racionar, não havia nada que fosse desperdiçado :)
ResponderEliminarBeijinho Tutu :)
Fazia-nos falta, um bocadinho desse espírito.
EliminarBeijos, Snowy. :)
Um beijinho, Maria. Gostei do texto.
ResponderEliminarObrigada, papoila!
EliminarBeijos :)
Tantas, mas tantas as pessoas que passaram por essas atribulações! Conheci muitas nos idos de 50 e de 60...
ResponderEliminarOutros tempos. Muita gente começa a olhar para trás e a pensar como fazer para poupar...
EliminarBeijos, Graça. :)
Há alguns anos muitos viviam assim, hoje o desperdício é gritante e poucos conseguem conter os gastos. Beijinho Maria
ResponderEliminarEquilíbrio, procura-se!
EliminarBeijos, GM. :)
Há nas palavras, na atmosferas do que escreves e no seu sentido
ResponderEliminarque até parece ter sido por mim escrito
(não fora o género e o estilo)
ah, e também gosto de gente austera
sem apreciar, contudo, a austeridade
Deve ser geracional, Rogério. :) E ideológico, também. :)
EliminarBeijinhos. :)
Esse é o lema do famoso José Mujica.
ResponderEliminarE a esse lema ele faz corresponder a vivência diária.
O Mujica é um extraordinário exemplo, Pedro!
EliminarBeijinhos :)
Maria, hoje em dia os tempos são outros...pois existe maior número de compradores loucos do que de loucos vendedores!;)
ResponderEliminarDo oito ao oitenta.
EliminarBeijinhos, Legionário. :)
Nunca senti falta de nada, estou mal habituado.
ResponderEliminarDizem que sou um menino mimado.
O tristan reveur é só uma personagem.
para que saibam, tenho pouco em comum com ele...
A construção da personagem é o que me dá mais gozo.
Alguns pensam que o que escrevo é parte de um diário, digo-te
a ti, Maria, não é verdade. Qualquer semelhança entre mim
e o tristan reveur é pura coincidência.
A Maria Isabel poderia ter saído do último livro
do Peixoto. Bem construída esta personagem.
bj
Há sempre algo de nós na personagem que construimos, Tristan.
EliminarA sério? Do Peixoto? Tu não me digas isso! Já sabes que eu "amo" esse homem!
(obrigada. muito)
Beijinhos :)
E é mesmo assim, quem já teve ppouco quando tem a possibilidade de ter muito não gosta de a desperdiçar. Essas pessoas são as melhores e mais humildes. Beijinhos.
ResponderEliminarAprende-se muito com a falta.
EliminarBeijinhos, Maria, e obrigada pelas palavras. :)
Ora viva, Maria. Viva memória ou memória viva das lições de bem governar o lar onde de tudo se ficava a par, da abastança e de ver tudo o que é ter a minguar. De modo que a contenção era virtude. Quem não se continha eram pernas nuas ao olhar que eram de tapar. Por isso havia a sub-reptícia luta das saias: as mães a descer as bainhas e as filhas a dobrár-lhes o cós. Tudo por causa de nós. Gostávamos de ver as Marias Claras de pernocas ao léu, na rua ou na missa (apesar do "pecado" outro fruto da lição).
ResponderEliminarTudo muito, superlativamente, bom: imagem, escrita e som. Sendo assim quem se contém, M.ª: Parabéns com bj.
Outro tempo, os mesmos desejos. :)
EliminarMuito, mas muito, obrigada, Agostinho!
Beijinhos :)
relato com tanta atualidade (apesar de parecer passado) que até aflige! Essa personagem está em cada esquina, por onde eu já passei.
ResponderEliminarUm beijinho,
Mia
Andam por aí, as Marias Isabeis.
EliminarBeijos, Mia. :)
A história é conhecida de várias gerações
ResponderEliminarmas... a forma de a dizer
em voz alta
ainda mais excelente
Bjs
Muito obrigada, MA.
EliminarBeijinhos :)
E há-de sempre incomodar o despesismo dos outros.
ResponderEliminarMuito, Carla.
ResponderEliminarBeijos :)