(Nuno Moreira)
Passava horas à conversa. Os anos tinham-lhe trazido aquela vontade de se aproximar das pessoas com uma palavra simpática. Depois, palavra puxa palavra, a conversa desatava-se e ia ficando, em amena cavaqueira, fosse o assunto trivial (a chuva que não pára, o cabelo da vizinha que passou de negro azeviche a amarelo palha, a abertura de um restaurante de peixe nas redondezas) ou de maior profundidade (a política ambiental, a ética no discurso político, as possíveis consequências do teste da Bomba H na Coreia do Norte).
Um dia, contudo, cansou-se das palavras. Pareciam-lhe todas já ditas, já ouvidas. Magoavam-na inexplicavelmente. Desgostou-se, até, de pensar nelas. Pegou numa tesoura e cortou a língua na crença de que cortaria, junto com ela, o pensamento.
prefiro cortar o cabelo...
ResponderEliminarAo menos, sempre cresce de novo! ;)
EliminarBeijocas, Stormy boy calvo. :)
Caso haja arrependimento
ResponderEliminarconheço cirurgião perto
Arranja línguas cortadas
Opera as afiadas
E receita
no pós-operatório
terapia milagreira
a par de sã ginástica de recuperação:
Falar do que sente
Falar só por falar, não
Não tem consultório particular e passa receitas SNS
Eu bem digo que tu és um homem influente! ;)
EliminarBeijinhos, Rogério :)
Um final totalmente inesperado.
ResponderEliminarMas brilhante!
Obrigada, Pedro. Muito!
EliminarBeijinhos .)
Fosse tudo assim tão fácil (salvo seja que cortar a língua deve doer)
ResponderEliminarAdorei a imagem.
Beijos Maria
:)
Deve doer, sim, impedir-se a palavra definitivamente...
EliminarBeijos, I. :)
Valia mais conter a respiração e contar até dez. Concordo, absolutamente, com Pedro Coimbra.
ResponderEliminarBeijinho Maria :)
Não teve juízo, a tonta!
EliminarBeijos, Té :)
Ui!
ResponderEliminarMaria, esta protagonista já se arrependeu :)
Imagino-a a correr, com a língua embrulhada em gelo, até ao hospital mais próximo.
EliminarBeijos, mz :)
"Não há machado que corte a raiz ao pensamento."
ResponderEliminarA não ser a insanidade...
EliminarBeijos, Isabel :)
Maria, por vezes temos momentos ocasionais de silêncio que tornam a nossa conversa um prazer!;)
ResponderEliminarDar tempo para que se degustem as palavras...
EliminarBeijinhos, Legionário :)
Belo twist no final.
ResponderEliminarThanks, Mr. Misha, the bear. :P
EliminarBeijinhos :)
O pensamento é selvagem e autónomo!
ResponderEliminarNão adianta cortar nada.
Beijo Maria.:))
É que não adianta MESMO!
EliminarBeijos, Helena. :)
Não há página em branco que fique por gritar um pensamento, mesmo que na mudez compulsiva.
ResponderEliminarGostei muito do teu trio :)
De palradora compulsiva a escritora. Pode ser a solução!
EliminarObrigada, Sandra!
Beijos :)
Acho que arrepio se propaga como uma onda, com tal metáfora, escrita numa imagem, fotografada em palavras.
ResponderEliminarArrepia, sim, Xilre, imaginar a dor que leva à mutilação, seja ela real ou metafórica.
EliminarBeijinhos :)
Volto aqui para te dizer que hoje vi publicada uma poesia tua, gostei muito e fiquei deveras orgulhosa de te encontrar representada com a devida e merecida honra.
ResponderEliminarBeijinhos.:))
Mesmo???? Procurei o teu endereço de email para te perguntar onde e como mas não o encontrei no teu perfil.
EliminarBeijos, Helena, e muito obrigada. :)
Olá boa noite, vai ao meu blog, tens uma surpresa (mimo) do que encontrei e achei lindo!
EliminarBeijinho Maria.:))
Já te agradeci lá e agradeço, de novo, aqui. Muito!
EliminarBeijos, Helena. :)
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ResponderEliminarQue grande paranóia!
Não houve ninguém que notasse a depressão da criatura!
O concerto de violinos é lindo, mas nem só de ouvir vive o homem,
pois «é um ser eminentemente social».
~~~ Beijinhos musicais. ~~~
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Cegos a rodear uma palradora, só pode!
EliminarBeijos, Majo. :)
Não houve uma alma caridosa que lhe dissesse para ter tento na língua?
ResponderEliminarUma pessoa sem língua fica reduzida à ínfima condição de cabide. Tanta falta lhe fará para poder pensar.
Bj
Houvera ouvidos em vez de língua e nada seria igual!
EliminarBeijinhos, Agostinho. :)
Língua de trapos, em tanta casaca cortou, que olha...
ResponderEliminar:)
(Credo. Só me saem metáforas infelizes, da tua metáfora tão boa.)
Beijos, Marioska :*
As tuas metáforas são sempre muito apreciadas por estes lados!
EliminarBeijos, Lindinha azul. :)
Que desfecho magnífico, Maria, de tão surpreendente.
ResponderEliminarBem...Para a palradora deve ter sido doloroso! ;)
EliminarObrigada, Ava!
Beijos :)
Tratasse antes de treinar a reflexão para não falar demais. Como sempre me ensinaram e isso não quer dizer que tenha aprendido, "Pensa tu o que dizes mas não digas tudo o que pensas"
ResponderEliminarBeijinho Maria
Difícil, o equilíbrio!
EliminarBeijos, GM. :)
:) adoro.
ResponderEliminarLínguas cortadas ou pensamento livre? :P
EliminarBeijo, Laura. :)
Minha querida Maria, a escrever tão despudoradamente sobre mim?
ResponderEliminarIsso não se faz!
:))
Desculpa, achei que não lerias. :))
EliminarBeijos :)