O terminal do
aeroporto fervilha de vida singular, mas plural de diversidade. Um casal de
Judeus ortodoxos, novíssimos, atrai o muitos olhares. Ela, com um bebé nos
braços, traja de azul escuro, camisola larga e comprida a combinar com a saia
de pregas pelo tornozelo, onde espreitam as meias grossas agasalhando os pés
nas sabrinas pretas. Na cabeça, um lenço igualmente preto. Ele, com o
costumeiro fato e chapéu pretos, as peiot (pequenos cachos) emoldurando o rosto
pálido. Passam os olhos pelos produtos de marca, detendo-se nas lojas de luxo,
mas nada comprando.
Há um certo ar
de recriminação e desconforto, ainda que disfarçado.
No entanto, a
chegada de uma família japonesa arrebata as atenções. Homem e mulher
elegantíssimos, vestidos com roupa Prada e acessórios marcadamente
extravagantes, seguidos por dois rapazes adolescentes usando sapatilhas
Balenciaga, airpods a afastar qualquer som externo e olhares perdidos na sua
“onda”.
Demoram-se um
pouco na zona de onde o primeiro casal tinha acabado de sair, compram uma mala
Céline de mil e seiscentos euros e uma pequena caixa com dois pares meias de
homem Louis Vuitton de quinhentos.
Dirigem-se à
porta de embarque conforme chegaram, altivos e distantes, apenas com mais dois
sacos de compras e menos alguns euros na conta do cartão de crédito dourado.
Há um certo ar
de recriminação e desconforto, ainda que disfarçado. Contudo, acrescente-se-lhe
uma ponta de inveja.
Na hora de
deixarem os sofás, há garrafas de água vazias, cascas de banana e invólucros de
bolachas e chocolates nas mesas baixas.
Dirigem-se à
porta de embarque de uma companhia low cost, arrastando as pequenas malas de
dimensão regulamentar.
Sigo-os, depois
de depositar o lixo no caixote mais próximo.
Todas as viagens, e foram muitas, foram em trabalho... agora... vou para fora, cá dentro...
ResponderEliminare... gostava de gostar dessa música... mas nem a sinto nem a percebo
mas se insistir em a ouvir, talvez lá chegue a partir de um dado momento
Beijo fora do ritmo
A música é um bocadinho "estranha", confesso!
EliminarBeijinhos e votos de um bom 2024!
Adivinhe qual é o mercado de produtos de luxo que mais cresce actualmente e se prevê continue assim num futuro próximo???
ResponderEliminarViajar é o "desejo" mais proclamado!
EliminarBom 2024, Pedro!
Querida Maria, que bom tê-la de volta...e com crónica perspicaz e atenta. Os ricos não têm, contudo, etnia ou país, grassam por todo o lado, arrogantes e altivos.
ResponderEliminarRicos e remediados, que os pobres ficam em terra!
EliminarObrigada pelo carinho!
Beijinhos
Alain de Botton escreveu sobre uma semana no aeroporto: mas, mesmo algumas horas, dariam livros. Que o regresso tenha sido tão bom quanto esta crónica de viagem.
ResponderEliminarE lá fui eu ver quem é Alain de Botton, Sr(a). Anónimo(a)!🙃
EliminarSempre bom aprender! 🙂
Os aeroportos são um cadinho digno de estudo!
Beijinhos
Os terminais de aeroporto têm uma pluralidade de gente cada um com seus hábitos, cada um com o seu modo der ser. Dava um bom romance apreciar todos os que por lá passam. Gostei muito desta crónica.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Feliz Natal Maria, e que 2024 seja muito melhor para todos (espero que esteja tudo bem contigo).
ResponderEliminarGrande abraço:)
Votos de um bom 2024, caro Legionário!
EliminarQue a vida se "componha"!
Beijinhos
Quem tem olho de bom observador tem nos aeroportos um bom local para estudo de compotamentos e culturas. Hoje são rios onde converge uma fauna universal sequiosa de movimento. (Só estou bem onde não estou).
ResponderEliminarBeijo.