Chegado a casa, o Engenheiro Castro, António Alberto de seu
nome, subiu apressadamente a escada que dava para o quarto, libertando-se da
roupa em gestos largos, enquanto se dirigia ao duche, deixando-a peça a peça,
quais peles de animais esfolados, caída pelo chão. Mariana, sempre com o seu aventalinho imaculadamente branco destacando-se no preto do uniforme, logo se encarregaria de a recolher, uma a uma, curvando-se elegantemente, como ele tanto gostava de apreciar, deixando que as curvas deliciosamente arredondadas das ancas e do rabo rematassem as pernas em tensão muscular.
Ah! Mariana! Como lhe conhecia as pregas mais recônditas, os sinais escuros na mama direita, a marca arroxeada, de nascença, em forma de borboleta, na base da nuca, que ficava a descoberto quando desviava o cabelo! Tinham crescido juntos e, desde a morte do pai e da mãe naquele terrível acidente de automóvel, era nela que encontrava aconchego e carinho. Escapava-se do quartinho esconso nos anexos da casa dos Cunha e Villar e corria para os seus (a)braços (ou melhor, a dar-lhe os seus) noite após noite, numa entrega total, sem nunca pedir nada a não ser umas horas de carícias e palavras ternas.
Foi a ela que perguntou, ainda impressionado com a parecença com o falecido: Meu amor, achas-me assim tão igual ao burgesso do Joãozinho?
Foi também ela que, com voz doce e apaixonada, entre beijos ardentes, o sossegou: Nem pensar, meu adorado! Tu és muito mais bonito!
Nós, que sabemos como são as mulheres apaixonadas e os homens demasiado crédulos, sorrimos, enquanto cogitamos se o pai do engenheiro e a mãe do Joãzinho não teriam, como rezam as más línguas da aldeia, caído na tentação da carne.
Maria, se me pedissem para pensar num novo termo para a tentação, eu recomendaria a palavra «maçaneta», porque o que são essas protuberâncias colocadas nas portas se não para nos tentar...
ResponderEliminarE por aqui as tentações estão ao rubro:))
Huuummmmm... Maçaneta? Talvez para condizer com o rubicundo das formas de Botero? :)
EliminarBeijinhos, Legionário.
As mulheres são poderosas quando querem Maria e sabem como dar felicidade à um homem. Quando querem :)
ResponderEliminarOh, se são, GM!
EliminarBeijos :)
É curioso Maria, a propósito deste Post lembrei-me da série "Madre Paula" que está a passar na rtp1, e também de um Post da Maria publicado numa terça-feira de Agosto 26, 2014, com o titulo "A melhor amante" exactamente sobre esta mMdre relatada na obra "Memorial do Convento", de José Saramago, na qual o monarca caracteriza Madre Paula como "...flor de claustro, perfumada de incenso, carne gloriosa..."
ResponderEliminarEngraçado lembrares-te disso! Também pensei nesse post quando vi o anúncio à série.
EliminarBeijinhos :)
Há convergências fatais, no sentido de inevitáveis, mas, havendo-as, melhor será que fiquem perfeitamente registadas para memória futura, não vá haver equívocos futuros.
ResponderEliminarOs excessos de arredondamento, tipo Botero, atiçam pedras...
Bj, Maria.
Os meandros da histórias de encontros e desencontros amorosos nas aldeias deste nosso Portugal dariam muitos romances para além daqueles que foram escritos.
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
Pois, o amor!
ResponderEliminarO desejo!
A carência...
Gostei de ler.
Vou voltar.
abraço
Lola
Muito obrigada, Lola!
EliminarBeijo :)
gostei muito de ler este trecho, ai o amor, sempre tão ansioso e doce,bjs e boa semana
ResponderEliminarSempre, não é, Zulmira? Obrigada!
EliminarBeijo :)