Era uma vez um lobo, grande, lindo, de pelo cinzento brilhante e olhar profundo. Tinha por costume, o lobo, ir ao bosque em longos passeios. Certo dia, ainda o sol mal nascera, já ele andava alegremente por entre as árvores, a sentir o perfume das flores, quando ouviu uma voz feminina elevar-se numa canção da Janis Joplin (Oh God, won't you buy me a Mercedes Benz...). Ficou pregado no meio do caminho, esperando a dona da voz que escolhera a sua canção favorita para entoar logo pela manhã. Não tardou nada, uma jovem vestida com um provocante vestido e uma capa vermelha pelos ombros apareceu na curva.
- Bom dia! disse-lhe ele.
- Bom dia! respondeu ela com um sorriso provocante nos lábios pintados a preceito.
- Não tens medo de andar pelo bosque sozinha? perguntou o lobo.
- Eu? Claro que não, meu caro lobo! respondeu enquanto acendia um cigarro. Gosto de andar pelo bosque e já imaginava que, um destes dias, encontraria um lobo assim, sexy como tu! continuou.
O lobo não cabia em si de contente. Ia a caminho da casa de férias da avó para a ajudar a resolver uns problemas com a rega do jardim mas não precisava apressar-se.
- E tu, lobo, onde vais assim tão cedo? perguntou ela, soprando o fumo em pequenas espirais.
- A casa da minha avó, ajudar com a rega do jardim. respondeu o lobo com a cauda a abanar afanosamente.
- Posso acompanhar-te? prosseguiu ela.
- É um prazer! retorquiu o lobo, mortinho por lhe sentir o perfume mais de perto.
Foram andando em direcção à casa, ela meneando as ancas e roçando-as no pelo dele de vez em quando, ele quase a uivar de excitação. Chegados ao destino, a avó deu-lhes a boas vindas com uns daiquiris e disse-lhes:
- Meus filhos, estou muito cansada. Vou dormir um bocado antes de almoço.
- Ai, avozinha, posso ir consigo? Cansou-me tanto, o passeio pelo bosque! perguntou ela.
E foram ambas para o quarto enquanto o lobo ficou a tratar da rega do jardim. Duas horas mais tarde (o diabo da rega não atava nem desatava) o lobo entra em casa pé ante pé e espreita pela porta entreaberta do quarto.
- Entra! disse a rapariga. Deita-te aqui um bocadinho!
O lobo, encantado, enfiou-se entre os lençóis e, estranhando não ver a avó, perguntou:
- Onde está a avó?
- Foi às compras à mercearia aqui do lado. disse ela, enquanto limpava a boca à colcha, disfarçadamente.
Ele olhou para ela, ali deitada tão perto que lhe sentia a respiração quente, e encetou uma conversa, sussurrando:
- Tens uma pele tão macia!
- É para as mãos deslizarem melhor!respondeu ela.
- E tens uns olhos tão brilhantes!
- É para te ver cada detalhe!disse ela, sorrindo.
- E tens uns lábios tão carnudos!
- É para te comer melhor! E, sem mais delongas, COMEU-O!
Escusado será dizer que Capuchinho ficou com problemas digestivos e, durante a cirurgia ao estômago a que se submeteu, retiraram-lhe, para além de uns óculos de ver ao perto e de uma camisa de noite em flanela, pele cinzenta de tamanho suficiente para fazer uma estola e uns punhos.
- Preciso de ir ao bosque outra vez. pensou. Este ano a moda é o castanho!
Ah, Maria já não há lobos como antigamente, os novos são muito sofisticados. :)
ResponderEliminarA inspiração anda por aí, sem dúvida.
Um bom final de semana :)
Se calhar não há é Capuchinhos como as de antigamente, AC! ;)
EliminarBeijinhos e uma boa semana. :)
Ahahahahahh
ResponderEliminarAdorei esta versão
Boa noite Maria Tu
Um bocadito mais moderna, não é? :P
EliminarBeijos, noname. :)
Esta versão é realmente bem original!
ResponderEliminarBeijos
Obrigada, Maria! :)
EliminarBeijos. :)
Bom fim semana , Maria. Este, está mais para o cinzento do que castanho - um outsider, sem dúvida -, a " borrifar-se" para as tendências.
ResponderEliminarBeijinhos :))
Então é como eu. Borrifo-me para as tendências, também. :)
EliminarBeijos, Mia. :)
Afinal o capuchinho era a "femme fatale" e (para mim) a moda será sempre pele.
ResponderEliminarBom fim de semana com boa escrita e leitura
A eterna fantasia da pele sob as peles... ;)
EliminarBeijinhos, Urso Misha. :)
Ora nem mais,
EliminarBeijinhos Maria
É uma versão bem divertida da história.
ResponderEliminarMas não gosto de peles naturais. E há lobos muito indigestos :)
Beijo Maria
Estas peles estão deveras corroídas pelos sucos gástricos! Eheheheh!
EliminarHá lobos do piorio, de facto! ;)
Beijos, ana p. :)
Que capuchinho vermelho tão atrevido!
ResponderEliminarHistória muito divertida, Maria!
Também me diverti a escrevê-la, Isabel!
EliminarBeijos. :)
Fizeste algo de maravilhoso,
ResponderEliminarde desmontagem e de gozo
1º- o enleio do texto
2º- a denúncia dessa coisa horrorosa a que chamam moda
3º- ter pena do pobre lobo
Meu Deus, Rogério, até me fazes parecer talentosa! :) Muito obrigada, mesmo! :)
EliminarBeijinhos. :)
Naquele tempo ia-se ao bosque, como agora se vai ao shopping :)
ResponderEliminarUma história criativa e bem (des)construída - excelente para m fim de semana de chuva.
Um beijinho, Maria
Uns bosques muito divertidos, com lobos ingénuos... :P
EliminarMuito obrigada, Miss Smile!
Beijos. :)
eheheh já nem se pode ser lobo pois os capuchinhos de hoje não facilitam. Beijinho
ResponderEliminarNão sei porquê mas, de repente, vi a Capuchinho numa bike!! :P
EliminarBeijos, GM. :)
Ahahaha... Gostei desta história ao contrário.
ResponderEliminarObrigada, Luísa! Gostei que tivesses gostado!
EliminarBeijos. :)
Ora valha-me Deus, as minhas encomendas... dizia a minha avózinha.
ResponderEliminarJá dizia era e agora aindvamosa era?! Vem aí o inverno Maria, que jeito dão peles.
Vou ver se ajeito uma para embrulhar.
Eheheheh. Olha que tens que ir com cuidado porque há muitos lobos com pele de cordeiro.
EliminarBeijinhos, Agostinho. :)