A Partir da Ausência
Imaginar a forma
doutro ser Na língua,
proferir o seu desejo
O toque inteiro
Não existir
Se o digo acendo os filamentos
desta nocturna lâmpada
A pedra toco do silêncio densa
Os veios de um sangue escuro
Um muro vivo preso a mil raízes
Mas não o vinho límpido
de um corpo
A lucidez da terra
E se respiro a boca não atinge
a nudez una
onde começo
Era com o sol E era
um corpo
Onde agora a mão se perde
E era o espaço
Onde não é
O que resta do corpo?
Uma matéria negra e fria?
Um hausto de desejo
retém ainda o calor de uma sílaba?
As palavras soçobram rente ao muro
A terra sopra outros vocábulos nus
Entre os ossos e as ervas,
uma outra mão ténue
refaz o rosto escuro
doutro poema
António Ramos Rosa, in "A Nuvem Sobre a Página"
doutro ser Na língua,
proferir o seu desejo
O toque inteiro
Não existir
Se o digo acendo os filamentos
desta nocturna lâmpada
A pedra toco do silêncio densa
Os veios de um sangue escuro
Um muro vivo preso a mil raízes
Mas não o vinho límpido
de um corpo
A lucidez da terra
E se respiro a boca não atinge
a nudez una
onde começo
Era com o sol E era
um corpo
Onde agora a mão se perde
E era o espaço
Onde não é
O que resta do corpo?
Uma matéria negra e fria?
Um hausto de desejo
retém ainda o calor de uma sílaba?
As palavras soçobram rente ao muro
A terra sopra outros vocábulos nus
Entre os ossos e as ervas,
uma outra mão ténue
refaz o rosto escuro
doutro poema
António Ramos Rosa, in "A Nuvem Sobre a Página"
Sobram as palavras na falta da presença.
(A. Ramos Rosa é meu irmão)
ResponderEliminarUm maravilhoso irmão, diga-se.
EliminarBeijinhos, Rogério. :)
A alquimia das palavras num post muito conseguido.
ResponderEliminarBjs
Grata, Pedro. (adoro Ramos Rosa)
EliminarBeijinhos. :)
Um santo da minha devoção.
ResponderEliminarTem graça que ontem desenhei umas letras de imaginação que guardei na caixa dos sapatos...
Bj
Também gosto muito
EliminarEspero que as tires de lá para lermos! :)
Beijinhos, Agostinho. :)
Maria, sobram palavras entaladas na garganta, quando falta um gesto que era para ter marcado presença, quando se espera por quem já não virá!
ResponderEliminarQue bonito, Legionário!
EliminarBeijinhos e um bom fim-de-semana. :)
Bela imagem, Maria!
ResponderEliminarPois, há circunstâncias em que não sabemos se as palavras escasseiam ou sobram.
Talvez só existamos a partir dos outros...
Beijo
Sós,não existimos mesmo.
EliminarBeijos, Isabel. :)
"Mas agora estou no intervalo em que
ResponderEliminartoda a sombra é fria e todo o sangue é pobre.
Escrevo para não viver sem espaço,
para que o corpo não morra na sombra fria.
Sou a pobreza ilimitada de uma página.
Sou um campo abandonado. A margem
sem respiração.
Mas o corpo jamais cessa, o corpo sabe
a ciência certa da navegação no espaço,
o corpo abre-se ao dia, circula no próprio dia,
o corpo pode vencer a fria sombra do dia.
Todas as palavras se iluminam
ao lume certo do corpo que se despe,
todas as palavras ficam nuas
na tua sombra ardente."
António Ramos Rosa, A Construção do Corpo, 1969
Ficam sempre as palavras e a música (muito bem escolhidas).
Um beijinho, Maria :)
E António Ramos Rosa tem-nas para lá de belas!
Eliminar(obrigada)
Beijos, Miss Smile. :)
sem palavras :)
ResponderEliminar:))
EliminarBeijinhos, Tristan. :)
E a música que está tão bem escolhida!
ResponderEliminarbjs
É belíssima, não é?
EliminarBeijos, papoila. :)
Ramos Rosa não é o meu poeta preferido...
ResponderEliminarBeijinhos
Eu adoro. Mas a poesia é assim mesmo, uns gostam, outros não.
EliminarBeijos, São.
A tua Ausência
ResponderEliminarEscrevo-te estas palavras
Em busca de absolvição
Não quero continuar a ser
uma desilusão
Só se sabe o que se perde
Quando já se foi
E só agora eu sei como doi
A tua ausência
Tenho fumado demais
e bebido para te esquecer
e continuo a acreditar que o impossível
Pode acontecer
Perdi a noção do tempo
E sinto em mim a revolta
Por não te ter
Quero-te de volta
E é toda esta distância
que me faz duvidar de mim
queria que fosse diferente
não tinha de ser assim
Morri ao ver o teu adeus
Escrito no espelho
Assinado pelos teus lábios
Em batom vermelho
Vou sorrindo para o mundo
Porque tenho de continuar...
...Mas só me apetece parar!
C.N.Gil/XXL Blues "A tua ausência" © 2014
Poeta, para além de escritor de romances? (o primeiro está ali ao lado, na estante) :)
EliminarBeijinhos, C. N. Gil. :)
Bem, eu e o António Ramos Rosa eramos colegas de editora... LOL. Mas eu não sou um poeta, faço umas rimas para as minhas músicas...
EliminarTens o "Lilith"?!? Espero que tenhas gostado :)
... é um fervilhar de rins ao entardecer.
ResponderEliminarBeijo
Absolutamente.
EliminarBeijinhos, JM. :)
Obrigada.
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