"Aurélia distinguia-se pela sobriedade, que era nela a consequência de temperamento e educação. Não quer isto dizer que fosse dessa espécie de moças papilionáceas que se alimentam do pólen das flores, e para quem o comer é um ato desgracioso e prosaico. Bem ao contrário, ela sabia que a nutrição dá a seiva da beleza, sem a qual as cores desmaiam nas faces e os sorrisos nos lábios, como as efémeras e pálidas florações de uma roseira ética.
Assim não tinha vergonha de comer; e sem vaidade acreditava que o esmalte de seus dentes não era menos gracioso quando eles se triscavam como a crepitação de um colar de pérolas; nem o matiz de seus lábios menos saboroso quando chupavam uma fruta, ou se entreabriam para receber o alimento."
Senhora, José de Alencar
Adorava ver Aurélia comer! Costumava sentar-se numa mesa desde onde a pudesse observar, sempre tão composta, a inquietar-se perante as opções do menu; imaginando cada sabor, cada aroma... Era toda brilho no olhar. E quando pousavam na mesa o prato escolhido, então! Uma festa!
Aurélia era, nesses momentos de gula, a mais sensual das mulheres, toda ela boca e mãos, deixando a quem a observasse a sugar o tutano de uma costelinha de borrego ou a trincar um bago de uvas, um calafrio na espinha, um desejo instantâneo de a possuir com o mesmo apetite que mostrava, recorrendo ao mesmo método para se deleitar.
Maria Eu
Na celebração da vida os prazeres confundem-se nos advérbios, sem distinção, se cama se mesa.
ResponderEliminarApesar das adversativas nas narrativas, sem sombra de culpa, as copulativas fazem caminho para a harmonia.
Bonito trabalho,ME, viva!
Viva a Liberdade!
Viva sempre a Liberdade!
EliminarBeijos, Agostinho.
Sedução à mesa??
ResponderEliminarAcho que é mais fruição da comida, sem falsos pudores.
EliminarBeijinho, Pedro.
fiquei com fome
ResponderEliminarBom sinal! :)
EliminarBeijinho, Luís.