Recordava cada tempo com uma vida própria. Aos cinco anos era a menina de seus pais, caracóis loiros presos em rabo de cavalo por uma fita de cetim a condizer com os bibes feitos pela mãe, correndo pelos campos; aos nove enchia os pulmões de ar e respirava fundo no exame da quarta classe presidido pelo Sr. Inspector de aspecto circunspecto; aos doze enchia-se de raiva, sentada num baú cheio de roupa, no primeiro de muitos dias desterrada de casa, condenada a um regime de internato; aos quinze olhava-se ao espelho perguntando-se se algum rapaz, algum dia, iria querer namorá-la; aos dezasseis afirmava-se Abril, aquele em que nascera e agora era também cravo, já sabendo que eles, os rapazes, a queriam namorar; aos dezoito, sempre cravo, houve estudos, muitos e diversos, com leituras, conversas e debates noites dentro; aos vinte e dois, foram os meninos que a tornaram de novo aprendiz, enquanto os ensinava como sabia e podia.
Até hoje, ser aprendiz, consciente de uma busca constante de completude, marca a vida do seu tempo mais longo, sempre cravo, sempre Abril.
gostaria mais de abril se fosse no inverno... tirando isso, soberbo, como sempre :)
ResponderEliminarNo inverno? Desde que seja num dia com sol, sem problemas!
EliminarBeijocas, Manel.
Foi magnífico seguir o seu crescimento através da sua excelente narrativa. Continua aprendiz. Continuamos todos, esperando que Abril se perpetue na memória de toda a gente.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Menina à moda antiga... Haja ABRIL!
EliminarBeijo, Graça, e obrigada pela carinhosa presença.
A vida nem sempre nos traz sol... Quanto aos erros, quem os não comete?
ResponderEliminarUm beijo, KK.
Bela prosa Maria,
ResponderEliminarde uma maria chamada Abril,
não inverno não verão,
antes mês de esperanças semeadas,
nascida de águas derramadas
em todas as idades e estações,
pintada na cor da paixão
Liberdade sempre a crescer.
Boa semana, e um cravo num beijo.
Uma Maria sempre cravo.
EliminarBeijo vermelho-Abril Agostinho.