sábado, fevereiro 19, 2022

Frio

 

Aquecia-se com uma réstia de sol que rasgava, insistente, as nuvens cinzentas. O banco do jardim era de pedra e estava molhado, tivera que valer-se de um saco de plástico que usava para as compras para se sentar. 

Respira devagar, a tosse persistente não lhe permite fazê-lo de outra forma. Sente o ar frio a entrar, irritando-lhe a garganta, fazendo-a tossir de novo. Os passantes olham-na de lado, os ombros sacudidos pelos espasmos, nariz e boca cobertos pela máscara ffp2, afastando-se.

Fica só o frio, apesar daquele sol tímido que teima em não se eclipsar.


                                 
                                                        (Gustavo Santaolalla - Alma)

7 comentários:

  1. Aqui, zona de Lisboa, está um vento forte e muito frio. Amei a foto/tela, bem como a suave música.
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    Saudações poéticas…feliz fim-de-semana
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Só o frio, é tanto...
    eu, se passasse, Maria
    não me afastaria
    te garante Minha Alma
    essa
    que por aí soa

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  3. O frio que aqui chegou em força.
    E com muita humidade.
    Gela os ossos.
    Beijinhos, boa semana

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  4. Uma bonita pintura de Manuel Bandeira e um texto a dar conta deste vento gelado que se entranha nos ossos, quando nem a réstia de sol nos aquece...
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  5. Bonita imagem, texto bem escrito e música bem a condizer, com estado de Alma !

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  6. Sabes Maria, estas tuas palavras fazem-me lembrar o que se passa na Ucrânia agora:(

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  7. Afastando-se, so far away...
    Ficará só. Tão só.
    Um ésse e um ó
    Restará o ó
    de eventuais passantes
    Depois.

    Maria Eu, Tu,
    que saudades tinha,
    no banco molhado,
    nem visto tinha. Eu.
    Beijo.

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