A vida, breve,
corre qual cavalo com o freio nos dentes. Sentes-lhe o tropel, a velocidade
desenfreada com que os dias te descoloram o cabelo e te salpicam a pele de
leves manchas acastanhadas. Às vezes, tropeças numa ou outra hora mais longa, num
instante luminoso. Quedas-te aí, lutando contra o tempo, sorvendo a alegria, a
ternura, a beleza. Dás por ti a atrasar o relógio. Mais do que isso, tens dois
relógios, um que pára de quando em vez e o outro cujos ponteiros se assemelham
aos de um desenho animado, sempre a correrem. É no que pára, no que dizem estar
avariado, que reside a glória da vida.