Joana crescera bravia, sempre de sapatos na mão e joelhos esfolados pelas muitas incursões aos quintais dos vizinhos, equilibrada em reentrâncias de muros ou ramos de árvores, mãos estendidas. Divertia-se a caçar lagartixas. Puxava-as pelo rabo e depois, largava-as, correndo atrás delas à gargalhada. Também lhe não escapavam os figos suculentos do Sr. José D'Além ou as uvas americanas da D.ª Rosinha. Quase apanhara com um chumbeiro de espingarda de pressão, num dia em que a confundiram com um pilha-galinhas. "Ai, Jasus, menina, que tu és mas é douda!"
Quisessem encontrá-la, era no campo ou, então, de cabeça metida num livro, fosse qual fosse, a sonhar.
António crescera à solta, habituado a roupas leves, fáceis de despir para entrar na água do mar. Não havia vento que mais do que o afagasse, nem maré que deixasse de o acolher. Brincara aos piratas e construíra fortes onde travara batalhas mil. Sonhara com sereias e raparigas de olhos estrelados com os pés nus na areia da praia. Quase morrera afogado, num dia em que mergulhara mais fundo e mais afoito. "Ai, Jasus, menino, que tu és mas é doudo!"
Quisessem encontrá-lo era na praia, ou, então, de cabeça metida num livro, fosse qual fosse, a sonhar.
Cruzar-se-iam, mais tarde, nem numa praia, nem no campo, nem sequer numa livraria, e diriam, baixinho, um ao outro: "Ai, Jasus, que nós somos mas é doudos!"
Construíram uma biblioteca.
António crescera à solta, habituado a roupas leves, fáceis de despir para entrar na água do mar. Não havia vento que mais do que o afagasse, nem maré que deixasse de o acolher. Brincara aos piratas e construíra fortes onde travara batalhas mil. Sonhara com sereias e raparigas de olhos estrelados com os pés nus na areia da praia. Quase morrera afogado, num dia em que mergulhara mais fundo e mais afoito. "Ai, Jasus, menino, que tu és mas é doudo!"
Quisessem encontrá-lo era na praia, ou, então, de cabeça metida num livro, fosse qual fosse, a sonhar.
Cruzar-se-iam, mais tarde, nem numa praia, nem no campo, nem sequer numa livraria, e diriam, baixinho, um ao outro: "Ai, Jasus, que nós somos mas é doudos!"
Construíram uma biblioteca.
doudos felizes.
ResponderEliminarComplementares!
EliminarBeijocas, Tétisq :)
Juntaram os sonhos. :)
ResponderEliminarE ficaram num sonho só!
EliminarBeijos, Luísa :)
I love the painting.
ResponderEliminarI love the music.
xoxo
Kiss, Rick. :)
Eliminardoudos, sem dúvida :)
ResponderEliminarDoudice das boas!
EliminarBeijinhos, Stormy :)
Valeu a pena serem doudos.
ResponderEliminarBoa semana
Doudo com doudo dá doudice boa!
EliminarBeijinhos, Pedro :)
Num improvável destino mergulharam de vez, desta vez em simultâneo, presumo, na celulose da floresta mais incrível, sem medo, como doudos. Aluacinados?
ResponderEliminarBj, Maria.
Certamente aluacinados! :D
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
A excelência da narrativa, constrói uma história magnífica e cheia de significado.
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Muito obrigada, Graça!
EliminarBeijinhos e bons escritos :)
que bela junção!
ResponderEliminarboa semana, Maria, beijo
Tropeçaram um no outro de cabeça no ar, decerto!
EliminarBeijo, Laura :)
coisas de doudos. ninguém os compreende, talvez só o destino.
ResponderEliminarboa semana,
Mia
Destino, acaso, sei lá!
EliminarBeijos, Mia :)
De doudos assim é que a sanidade precisa (muito)!! ;)
ResponderEliminarConcordo contigo, Olvido!
EliminarBeijos :)
Maria, no dia em que escreveres um livro, quero um com o teu autógrafo !
ResponderEliminarMuito bonito. Obrigado !
Oh! Exageras...
EliminarObrigada, Ricardo!
Beijinhos :)
Os meninos doudos que eu conheci eram assim e acho que eram felizes. Os miúdos não! Esses levavam tareias sempre que rasgavam a roupa ou se aleijavam nas brincadeiras. Designavam-nos por canalha e corriam-nos aos gritos ou à pedrada. Liam livros de figuras com cóbois, e também de guerras, e de heróis fantásticos como o super-homem, mas só quando em conjunto conseguiam juntar dinheiro para os alugarem no jornaleiro. Foram todos trabalhar muito cedo e agora acho que não ligam a livros nem mesmo os dos quadrinhos. Os que são vivos quardam saudade desse tempo de quando eram miúdos, sem saberem explicar porquê. Alguns têm filhos doutores. Em nome deles mando beijinhos.
ResponderEliminarConheço de ambos. Brinquei com muitos. Fizeste-me recordá-los. Obrigada!
EliminarBeijinhos, Luís :)
doudos!
ResponderEliminarsomos nós toudos
os doudos
pena que o mundo
pereça
sem que endoudeça
Seria melhor, um mundo doudo!
EliminarBeijinhos, Rogério :)
Pois é Maria, perdoa-se tudo aos amantes... e aos doudos também:))
ResponderEliminarNeste caso, coincidem. ;)
EliminarBeijinhos, Legionário :)
Vim ler oitra vez.
ResponderEliminarMaria, esta é do good, carago!
Bj.
Carago, que coisas bouas me dizes!
EliminarBeijinhos, Agostinho, e muito obrigada. :)
Já cá estou de volta. Obrigado pelo "miminho" na Fonte !
ResponderEliminarMuito bem escrito e bem narrado, Maria ! :)
Gostei imenso !
Beijo :)
Mimos para quem merece, ora!
EliminarObrigada, Rui!
Beijinhos :)
Que giro, gostei muito desta história!
ResponderEliminarum beijinho
Gábi
Obrigada, Gábi!
EliminarBeijos :)
Bom dia, o texto é perfeito, ler e reler vale a pena, confesso que sempre fui doudo, sempre vivi e vivo perto do mar, todos os dias olho para ele, quase todos os dias sinto a necessidade doudo por entrar nele, ser doudo, sempre fez parte da minha felicidade.
ResponderEliminarNo meu Algarve fala assim, " moss, tou tode escalmerrado, vô desalverade (doudo) pró mare).
Feliz domingo,
AG
E como é bom ter-se alma de doudo!
EliminarBeijinhos, AG, e obrigada. :)
Adoro as tuas estórias! Um pouco de loucura nunca fez mal a ninguém :)
ResponderEliminarQuerida I!!!
EliminarLoucura faz bem, eu acho!
Beijos :)
Ei Maria, bom dia.
ResponderEliminarEstou chegando hoje no
seu blog e como amo a arte
e amo palavras
entendo que vou passar
um bom tempo por aqui
me encantando.
Já seguindo aqui
A aguardo lá no Espelhando, viu?
Lindo sábado.
Bjins
CatiahoAlc.