A rapariga da muleta deixou cair a muleta.
O fogo espalhou-se, abriram-se
as borboletas
num susto evidente,
fizeram fila os táxis.
Os prédios mais altos, tão francos,
tão estruturalmente com varandas,
tão soprados
pelo soluço dos que nascem.
As borboletas cada vez mais altas,
as borboletas sem táxi, a varanda que caiu
com as flores intactas
da tua febre. Tenho agora o desastre
da tua roupa no meu chão,
o sangue feliz.
Vasco Gato
Espantou-se com as begónias que, sem mais nem porquê, cresciam no passeio esburacado. Ainda ontem era um deserto de pedras irregulares com arestas duras, ratoeiras para os passantes mais incautos. Perguntou à rapariga de vestido branco quem plantara as flores assim, tão de repente. Pois que ninguém sabia, respondeu-lhe com os olhos brilhantes e felizes, mas tinham sido vistas dezenas de borboletas coloridas, em dança rodopiante pela rua. Fora enquanto elas dançavam que uma varanda caíra e espalhara flores pelo chão cinzento. Havia também quem afirmasse ter visto o amor, de sorriso nos lábios e gestos doces, a regar as begónias noite dentro, enquanto no quarto da varanda que cedera, Maria e José se perdiam, como que trémulos de febre, em carícias mil.
You definitely know how to talk with me . . .
ResponderEliminara perfect weekend post. Love the art, love
the tune (almost electronica), and always sexy.
Have a great weekend.
😘
It's all around the topic of a poem by Vasco Gato.
EliminarKisses, Rick :)
Há tanto tempo que não te visitava Maria.
ResponderEliminarDeixo um beijinho:)
Beijo enorme, SD!
EliminarUm excelente poema de Vasco Gato e uma prosa poética maravilhosa. Foi um gosto ler....
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Muito obrigada, Graça! Vindo de uma poetisa como tu, sabe muito bem!
EliminarBeijos, e um bom Domingo :)
Belíssimo texto que reinventa o poema. Muito bom!! E a imagem é LINDÍSSIMA!!
ResponderEliminarParabéns pelo conjunto no seu todo.
Grata, Graça!
EliminarBeijos :)
Chapelada para um texto de rara beleza!
ResponderEliminarBoa semana
Obrigada, Pedro! Muito!
EliminarBeijinhos e bom Domingo :)
Surrealisticamente pensei que disse, Maria, não sei o que fiz.
ResponderEliminarSenti por aqui um tremor. Terá sido essa a razão pela qual a varanda no chão se fez um jardim? Ainda bem que sim.
Excelente trabalho, a começar no poema do de Vasco Gato e, depois, a recriação em prosa nos aromas a que nos habituaste.
Bj.
Agradeço as tuas palavras, Agostinho, sempre tão gentis.
EliminarBeijinhos e um excelente Domingo :)
O texto continua tão perfeitamente a beleza do poema... Que lindo, Maria :)
ResponderEliminarObrigada, Olvido! :)
EliminarBeijos