sexta-feira, janeiro 23, 2015

Silêncio


(Manuel Madeira - Ourique)

Silêncio. Fechas os olhos e o silêncio tem, afinal, ruído. O vento agita o castanheiro e a nespereira onde os pássaros procuram abrigo, forçando-os a esvoaçar entre chilreios estridentes (pedaços de conversa de pássaro em tarde de Inverno soalheira). Ouve-se o crepitar das pinhas na lareira e, de longe a longe, as gargalhadas das crianças que brincam no quintal.
Fechamos os olhos e torna-se audível um sorriso.




Sorriso audível das folhas

Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.

Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.

Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
Do que se não conversou
Isto acaba ou começou?

Fernando Pessoa


12 comentários:

  1. Em mim a plenitude do "silêncio" do mar cativa-me a alma!:)

    Bom fim de semana, Maria:))

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    1. E que belo dia, hoje, para ir até ao silêncio marítimo! :)

      Beijinhos, Legionário! :)

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  2. Tão bom, Maria. O silêncio é tão bom. E o teu texto também.

    Bom fim de semana, Maria! :-)

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    1. Tranquilizador... (obrigada)

      Beijos, Susaninha, e um excelente fim de semana para ti também! :)

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  3. O silêncio absoluto não seria suportável. Por isso se podem, em circunstâncias poéticas como estas, ouvir os sorrisos. :)

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  4. Eu gosto do silencio mas,ai Maria,que,às vezes,até o silencio me enche de tanto barulho!E volto sempre para casa onde a acústica é sempre tão certa!

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    1. Como dise à Ana P, o silêncio pode ser ensurdecedor...

      Beijinhos e bom fim de semana! :)

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