domingo, outubro 05, 2014

Canção do amor total II - Sylvia

 (Sylvia Plath)
Sylvia Plath (1932-1963), mulher de uma escrita intensa, profunda, confessional, dada a depressões que a levam a várias tentativas de suicído. De um amor à primeira vista, casa (1955) com Ted Hughes, vivendo apaixonados e prolíferos em versos onde sentimentos fortes explodiam.
 (Ted Hughes e Sylvia Plath)
Ted não resiste, porém, ao encanto de Assia Wevill, uma refugiada alemã e, em 1962, Sylvia parte para Londres com os dois filhos pequenos, após a separação.
No ano seguinte, suicida-se em casa, enquanto os seus filhos dormiam, metendo a cabeça no forno, após ligar o gás.
A Love Song de Ted Hughes é um grito, um arrancar do coração, das entranhas desse amor que os construiu e os destruiu. A Love Song de Sylvia é, também, um grito. Um grito mais fundo ainda, talvez, porque reconhece a loucura da rapariga que o escreve, Sylvia, ainda tão menina, tão frágil, ferozmente frágil, diria, apesar de parecer contraditório. 
(Tragicamente, Hughes perderá Assia que se suicida copiando Sylvia e metendo a cabeça no forno, matando também a filha de ambos e, mais tarde, o filho que tivera com Sylvia também se enforca, pondo termo à vida.)

Mad Girl's Love Song

I shut my eyes and all the world drops dead; 
I lift my lids and all is born again. 
(I think I made you up inside my head.) 

The stars go waltzing out in blue and red, 
And arbitrary blackness gallops in: 
I shut my eyes and all the world drops dead. 

I dreamed that you bewitched me into bed 
And sung me moon-struck, kissed me quite insane. 
(I think I made you up inside my head.) 

God topples from the sky, hell's fires fade: 
Exit seraphim and Satan's men: 
I shut my eyes and all the world drops dead. 

I dreamed that you bewitched me into bed 
And sung me moon-struck, kissed me quite insane. 
(I think I made you up inside my head.) 

God topples from the sky, hell's fires fade: 
Exit seraphim and Satan's men: 
I shut my eyes and all the world drops dead. 

I fancied you'd return the way you said, 
But I grow old and I forget your name. 
(I think I made you up inside my head.) 

I should have loved a thunderbird instead; 
At least when spring comes they roar back again. 
I shut my eyes and all the world drops dead. 
(I think I made you up inside my head.) 
 
Syilvia Plath 
 
 (Margarita Sikorskaia)
 
Canção de Amor de uma Rapariga Louca
 
Cerro os olhos e o mundo inteiro morre
Abro as pálpebras e tudo renasce
(Acho que te inventei dentro da minha cabeça.)

Valsam as estrelas, em vermelho e azul
Entra, galopando, uma escuridão arbitrária:
Cerro os olhos e o mundo inteiro morre.

Sonhei que me enfeitiçavas até à cama
Me alucinavas cantando; me beijavas enlouquecido.
(Acho que te inventei dentro da minha cabeça.)

Abate-se Deus do céu; suaviza-se o fogo do inferno:
Desaparecem os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e o mundo inteiro morre.

Imaginei que voltarias  como prometeste
Ah, mas envelheço e esqueço o teu nome.
(Acho que te inventei dentro da minha cabeça)

Deveria ter amado um falcão, em vez de ti
Pelo menos, com a primavera, regressam aparatosamente
Cerro os olhos e o mundo inteiro morre:
(Acho que te inventei dentro da minha cabeça.) 
 
Sylvia Plath traduzida por Maria Eu 
 

8 comentários:

  1. "Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."
    Friedrich Nietzsche

    Bom Domingo, Maria:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Nada a acrescentar.

      Beijinhos Marianos, Legionário, e boa semana! :)

      Eliminar
  2. Ui que enredo macabro...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas que tem por detrás pessoas de uma enorme intesidade e sensibilidade. Elas escreveram palavras que, juntas, são fogo de artifíco!

      Beijinhos Marianos, Til, e boa semana! :)

      Eliminar
  3. .

    .

    . e de.dentro da minha cabeça . nasceram versos . que são poemas . e poesia . :) .

    .

    . um beijo meu .

    .

    .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Dentro da minha cabeça também nascem coisas incríveis! Às vezes, diria, inacreditáveis!

      Beijinhos Marianos, Paulo, e obrigada pelas palavras! :)

      Eliminar
  4. Respostas
    1. Temos sempre uma certa atracção pelo abismo...

      Beijinhos Marianos,Miak! ;)

      Eliminar