Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas.
Abraça-me.
Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram.
Abraça-me.
Quero morrer de ti em mim, espantado de amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos.
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que dele fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.
Abraça-me.
Uma vez só.
Uma vez mais.
Uma vez que nem sei se tu existes
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
(Ernst Ludwig Kirchner)
Beija-me
Beija-me. Quero sentir o calor dos teus lábios e afundar os meus olhos nos teus. Quando mergulho assim, em ti, apenas nós existimos, como se tu fosses eu e eu fosse tu, flores desabrochando no Jardim das Delícias, perfumando os recantos que nos servem de leito, agitados pelo vento que mistura pétala sobre pétala, aveludadas e rubras. Beija-me. Morde-me a carne a espaços delicados, prova-me o sangue, sente-me pulsar. Rouba-me a alma apenas nesses beijos, para me veres inteira, até ao fundo, e eu te ver também, nessa união total. Beija-me. Quero fundir-me contigo, num frémito último. Veste-me, antes, com o manto do teu abraço, para que possa levá-lo a agasalhar a Lua. Só esse manto, de carícias tecido, poderá revelar o mais terno, o mais ardente amor, e é à Lua que o quero desvendar. Beija-me. Mais uma vez. E outra vez mais porque eu sei que também queres esse beijo e que existes.
Maria Eu
Maria Eu
Memórias vivas
ResponderEliminarEm carne viva.
EliminarBeijinhos Marianos, MA! :)
A forma mais e bela e elaborada de escrever sobre o amor, consigo com o olhar
ResponderEliminarsabe tão bem pedir, e delicadamente rejeitar
tirando isso
é mesmo abraçar
é mesmo beijar
sem outras palavras que não sejam interjeições
Não o diria melhor, Rogério!
EliminarBeijinhos Marianos! :)
Ama-me
ResponderEliminarAma-me. Como só tu me sabes amar! Com a impetuosidade do mar a bater na rocha, com o abraço enrolado das suas ondas e com o beijo prolongado e penetrante ao chegar na areia. Ama-me. Quero sentir-te como uma abelha a poisar nas minhas pétalas na envolvência do meu pólen para com teu intenso e delicado labor me transformares em escorregadio, viscoso e doce mel. Ama-me. Qual ave esvoaçando e pairando sobre o meu corpo que é teu e que em voo picado vens penetrar no meu espaço, pousando e aí nidificando para que daí possam gerar-se futuros abraços, beijos e novos amores. Ama-me. Ilumina as minha noites glamourosas com a tua potente e brilhante luz de forma a que eu a transmita sob a forma de um luar intenso, brilhando nas noites de lua cheia e descobrindo neste ou naquele outro recanto os seres apaixonados que permutam seus corpos na entrega de todos os seus sentidos. Ama-me. Assim, fica em mim toda a certeza de que exististe, existes e existirás eternamente.
Maria, fizeste um post! :)
EliminarBeijinhos Marianos! :)
Mas o melhor do abraço não é a ideia dos braços facilitarem o encontro dos corpos. O melhor do abraço é a subtileza dele. A mística dele. A poesia. O segredo de literalmente aproximar um coração do outro para conversarem no silêncio que dá descanso à palavra. O silêncio onde tudo é dito sem que nenhuma letra precise se juntar à outra. O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A magia de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante.
ResponderEliminarAbraço encontro de dois corações.:)
O melhor do abraço é... o abraço inteiro! :)
EliminarBeijinhos Marianos, Legionário! :)