sábado, fevereiro 19, 2022

Frio

 

Aquecia-se com uma réstia de sol que rasgava, insistente, as nuvens cinzentas. O banco do jardim era de pedra e estava molhado, tivera que valer-se de um saco de plástico que usava para as compras para se sentar. 

Respira devagar, a tosse persistente não lhe permite fazê-lo de outra forma. Sente o ar frio a entrar, irritando-lhe a garganta, fazendo-a tossir de novo. Os passantes olham-na de lado, os ombros sacudidos pelos espasmos, nariz e boca cobertos pela máscara ffp2, afastando-se.

Fica só o frio, apesar daquele sol tímido que teima em não se eclipsar.


                                 
                                                        (Gustavo Santaolalla - Alma)