Efigénia da Conceição
crescera devagar nas sombras da casa grande. Das raras vezes em que se agarrara à
saia da mãe, logo levara um arrepelão.
- Sai-te p`ra lá,
Efigénia da Conceição!
Julgar-se-ia que a
pequena seria chamada por Gena, Geninha, Efi, São, Sãozinha, mas não, o nome
completo, assim duro e escorreito, não fosse a miúda habituar-se a mimos
desnecessários.
Foi-se fechando,
fechando, até que deixou de “aparecer” que não fosse para se sentar na ponta da
mesa da cozinha, à espera do prato de sopa e de mais qualquer sobra que
houvesse para levar à socapa para o Malhado e a para a Micas, canitos seus
companheiros de escapadelas campestres.
Num instante, Efigénia
da Conceição era adolescente, rapariga feita, mulher. Porém, nenhuma das
mulheres da casa parecia aperceber-se da sua existência. Sombra nas sombras,
olhar triste e carregado.
Nem ela nem as outras
repararam que, do outro lado do muro, a coberto das frondosas trepadeiras, uns
olhos vivos lhe acompanhavam o crescimento e a tristeza. Um dia, o sol de uma
Primavera quente e soalheira levou-a à sombra do caramanchão e, de repente, o
dono dos olhos vivos chamou: Geninha! Geninha!
Assim começou a fazer-se ternura
na vida de Efigénia da Conceição.