Estava assim, o coração, feito pedra, poroso, esmaecido, quase sem forma. Alguém o deixara na areia de uma praia do Norte fustigada pelo vento, uma chave e uma mensagem escrita atadas com firmeza ao contorno desgastado, como se fossem um corpo onde batesse.
O sol fizera brilhar a chave quando caminhava junto às dunas onde as memórias se misturavam com as camarinhas e os cactos.
Inclinou-se e pegou-lhe com mil cuidados. Sabia, ainda que não tivesse lido a mensagem ou experimentado a chave, que aquele coração estava destinado a bater ao ritmo do seu.