A mulher lia o jornal, em
pose descontraída, folheando-o vagarosamente na mesa da esplanada, onde uma chávena de café vazia, com uma marca vermelha de batôn
na borda, repousava virada para ela. A menina surgiu ao lado dela, passitos
pequeninos mas rápidos. Ria-se e batia palmas. Abriu-se um sorriso
na cara da leitora do jornal, fechado e arrumado de seguida. Começou
uma brincadeira entre as duas. Uma conversa entrecortada por
(sor)risos, mãos a bater umas nas outras, pés a imitar sapateados.
De repente, a menina olhou fixamente a parceira de folia e disparou:
- “Tu tens muitos anos?”
A mulher, sempre a sorrir,
respondeu:
- “Tenho, pois! Mesmo
muitos!”
- “Ah! Tens muitos mas
sabes brincar mesmo bem!”, disse a menina.
E ali ficaram, brincando.