(Gerard Sekoto)
Era menina, não mais do que seis anos. Mal aprendera a ler e só desenhava umas poucas palavras. As tardes alongavam-se em correrias pelos campos, jogos de macaca, esconde-esconde... Para ela, as mães eram todas donas de casa e os pais uns senhores muito sérios que iam ganhar dinheiro para a mulher e os filhos comprarem comida, roupa e outras coisas, poucas, como um brinquedo na festa da vila, ou um gelado num ou outro Domingo.
Meninos e meninas, faziam uma roda e punham as mãos da costas para cima, prontas para serem penicadas.
"Pico-pico, sarrubico
vai ao mar buscar sardinha,
para o pobre do Luís.
O Luís, não a quis,
deu-lhe um murro no nariz,
salta a pulga da balança,
dá um pulo, até à França.
Os cavalos a correr,
as meninas a aprender
qual será a mais bonita.
Que se vai esconder?"
"Pico-pico, sarrubico
vai ao mar buscar sardinha,
para o pobre do Luís.
O Luís, não a quis,
deu-lhe um murro no nariz,
salta a pulga da balança,
dá um pulo, até à França.
Os cavalos a correr,
as meninas a aprender
qual será a mais bonita.
Que se vai esconder?"
Logo corria a esconder-se aquele em cuja mão terminasse a lengalenga, continuando a brincadeira até se fartarem.
Descobriu, no dia em que a Susana chegou à rua com os olhos vermelhos de chorar, que nem todos os pais ganhavam dinheiro para comida, roupa e outras coisas, ainda que poucas. Nesse dia, a Susana disse que tinha fome e que o pai, zangado por ela pedir pão, lhe batera.
Não sabia bem porque é que havia um pai que não dava pão à filha e, ainda por cima, lhe batia, mas deixou-a ganhar todos os jogos, até vê-la sorrir.
Haveria de saber que havia muitos pais sem pão para dar aos filhos mas não ainda...
História dorida, Maria, e dolorosa!! Leva-se cada murro no estômago com histórias como esta!....
ResponderEliminarBeijinho.
Seria bom que nenhuma criança tivesse que passar por isto.
EliminarBeijos, Graça :)
~~~
ResponderEliminar~~ O conto é belíssimo, ME!
~ Táo real, triste e tocante...
~ Beijinhos congratulantes.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Meninas tristes...
EliminarObrigada, Majo.
Beijos :)
Quando somos crianças é difícil imaginar uma realidade diferente daquela que se vive.
ResponderEliminar(conhecia a canção de uma outra forma, começava assim dessa mesma forma, mas todo o resto era diferente)
Beijinhos Tutu
Pudesse o mundo ser simples como o vê uma criança.
EliminarBeijos, Snowy :)
Pois, Maria, com essa idade é difícil de entender uma realidade tão cruel.
ResponderEliminarBeijinhos
Durante a infância, há momentos de enorme crescimento. E são esses que, curiosamente, recordamos para toda a vida, e um dia passam a fazer todo o sentido.
ResponderEliminar(Fizeste bem, um sorriso de uma criança infeliz vale todos os jogos e brincadeiras de uma vida :))
Beijos, Marioca :*
Mas não lhe matei a fome, nem lhe apaguei as marcas... Duro.
EliminarBeijos, Lindinha azul :)
quem tem amigos assim, acaba por sorrir, mesmo nas contrariedades da vida :)
ResponderEliminarSe ao menos fossem sorrisos duradouros, Stormy!!
EliminarBeijocas
Gostei muito da história em si e como está escrita e é contada.
ResponderEliminarum beijinho
Gábi
Muito obrigada, Gábi!
EliminarBeijos :)
Entendem-se melhor os miúdos
ResponderEliminarque os graúdos
hei-de contar teu conto
aos meus netos,
eles gostam de pão...
(e sempre o tiveram
e não sei
se sabem dar valor
a quem
o não tem)
Custa saber de crianças sem pão...
EliminarBeijinhos, Rogério :)
Lindo!
ResponderEliminarUm dia todos sabemos.
Beijo Maria:)
Antes assim não fosse. Antes houvesse pão e paz!
EliminarBeijos, querida, e obrigada :)
Muito triste quando as crianças descobrem que há Susanas.
ResponderEliminarDescobri isso na escola aos seis anos.
E o carro a pilhas que tinha ganho numa rifa foi dado a um colega que era como a Susana.
Ajudou?
Não sei.
Mas senti que fiz o que era certo, o que era justo.
Tivemos seis anos num tempo próximo.
EliminarBeijinhos, Pedro :)
Gostaria de afirmar que eram tempos do passado, infelizmente actualmente ainda acontecem essas situações tristes e dolorosas e há muitas Susanas que sorriem na escola e choram em casa devido a muita pobreza encoberta!:(
ResponderEliminarOs verdadeiros amigos ajudam-nos a fazer as pazes com o mundo...
ResponderEliminarUm beijinho, Maria :)
Adorei este teu post !!!
ResponderEliminarFez-me recordar a infância e sensibilizou-me ! Na altura era difícil compreendermos as "diferenças" ! E elas existiam,... e de que maneira ! :(
Ainda me lembro (mesmo rapaz) de
Pico pico saramico
Quem te deu tamanho bico
Foi a pomba da balança
Que deu um pulo e pôs-se em França
Os cavalos a correr,
as meninas a aprender
qual será a mais bonita.
Que se vai esconder?"
:)
Muito obrigada, Rui!
EliminarEram tempos muito duros. Infelizmente, hoje regressa-se a essa dureza.
(desculpa não ser uma comentadora no teu blogue mas sou uma incompetente em desafios, até enervou)
Beijinhos :)
Uma história a contar aos mais novos, tim-tim por tim-tim.
ResponderEliminarA lengalenga já é dita às netas embora com pequenas variações.
E ainda hoje, Maria, persistem meninos de olhos vermelhos. E a vergonha, e a tristeza? De ter fome!!!
Bj
A fome dói a quem a tem é a quem vê o sofrimento que causa.
EliminarComo diz o povo: casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
Beijinhos, Agostinho :)
(espero que a maldita dor tenha passado)
estas tuas pequenices são uma delicia :)
ResponderEliminarObrigada, Laura.
EliminarBeijos :)
Há muitas "vidas"...
ResponderEliminarBjs
E nem todas são felizes...
EliminarBeijos, papoila :)
Duras e tristes lições que se aprendem. De certeza que a Susana, apesar de tudo acabou por ficar feliz :)
ResponderEliminarPelo menos por um bocadinho.
EliminarBeijos, GM :)
Uma dura realidade!!!
ResponderEliminarBom fim de semana
Um beijo
Muito, Cristina.
EliminarBeijos :)
Triste :(
ResponderEliminarBlog LopesCa/Facebook
Sem dúvida.
EliminarObrigada pela visita e pelas palavras :)