Oração de Péricles (daqui)
(...)
Esta região, habitada sem interrupção por gente da mesma raça, passou de mão em mão até hoje, guardando sempre a sua liberdade, graças ao seu esforço. E se aqueles antepassados merecem o nosso elogio, muito mais o merecem os nossos pais. À herança que receberam juntaram, ao preço do seu trabalho e dos seus desvelos, o poder que possuímos, que nos legaram. Nós o aumentamos. E no vigor da idade ainda alargamos esse domínio, abastecendo a cidade de todas as coisas necessárias, tanto na paz como na guerra. (...)
A nossa constituição política não segue as leis de outras cidades, antes lhes serve de exemplo. O nosso governo chama-se democracia, porque a administração serve aos interesses da maioria e não de uma minoria.
De acordo com as nossas leis, somos todos iguais no que se refere aos negócios privados. Quanto à participação na sua vida pública, porém, cada qual obtém a consideração de acordo com os seus méritos e mais importante é o valor pessoal que a classe a que se pertence; isto quer dizer que ninguém sente o obstáculo da sua pobreza ou da condição social inferior, quando o seu valor o capacite a prestar serviços à cidade. (...)
Temos a vantagem de não nos preocupar com as contrariedades futuras. Quando chegam estas, enfrentamo-las com boa têmpera, como os que sempre estiveram acostumados com elas.
Por estas razões e muitas mais ainda, a nossa cidade é digna de admiração. Ao mesmo tempo em que amamos simplesmente a beleza, temos uma forte predilecção pelo estudo. Usamos a riqueza para a acção, mais que como motivo de orgulho, e não nos importa confessar a pobreza, somente considerando vergonhoso não tratar de evitá-la.
Por outro lado, todos nos preocupamos de igual modo com os assuntos privados e públicos da pátria, que se referem ao bem comum ou privado, e gentes de diferentes ofícios se preocupam também com as coisas públicas.
Nós consideramos o cidadão que se mostra estranho ou indiferente à política como um inútil à sociedade e à República.
Decidimos por nós mesmos todos os assuntos sobre os quais fazemos, antes, um estudo exacto: não acreditamos que o discurso entrave a acção; o que nos parece prejudicial é que as questões não se esclareçam, antecipadamente, pela discussão.
(...)
A grandeza do discurso diz-nos dos gregos, da sua resiliência e da sua coragem.
Não sei se deste conta, mas já fui Sólon e também Clístenes.
ResponderEliminarPéricles? A partir de agora? Porque não?
Importante mesmo é que sejas o Rogério!
EliminarBoa noite. :)
Gosto de ser quem não sou, pois o sendo, reforço aquilo que sou!
EliminarA partir de amanhã serei Péricles!
É esplêndido o texto e extraordinária a sua actualidade. Ainda que tal escrito aguce mais a fúria e a inveja dos tiranos, dos prepotentes e dos servis que os rodeiam e lhes cobiçam a herança.
ResponderEliminarClaro que escolhi os extractos que melhor se adequam à situação presente. Ainda assim, é, de facto, extraordinário!
EliminarBoa noite, Luís. :)
Decisivamente, para o bem ou para o mal, de pé, se luta pela liberdade.
ResponderEliminarQue a Cidade sirva de exemplo.
Voltei, Maria.
Lutar de pé!
EliminarFico contente por voltares. É sinal de melhoras! :)
Boa noite, Agostinho. :)
São corajosos, disso não haja dúvidas. O difícil será estabelecer onde termina a sua liberdade e começa a dos outros :)
ResponderEliminarOs outros estão sempre a tempo de deixarem de calar-se. Digo eu, mera espectadora.
EliminarBoa noite, Ness. :)
Excelente citação, Maria!
ResponderEliminarQue agora seja encontrada uma plataforma de entendimento e que a União Europeia deixe de ser tão arrogante e seja mesmo aquilo para que foi criada.
Boa semana
Expectante, é o que estou. Torço por uma solução digna e democrática.
EliminarBoa noite, São. :)
Grande discurso Maria! E como eles mudaram, dos clássicos para os contemporâneos...Infelizmente, diga-se
ResponderEliminarAh, mas ainda há muita qualidade, Tio. :)
EliminarBoa noite. :)
Dos fracos não reza a história. Vamos ver se conseguem manter-se de pé :)
ResponderEliminarDesejo que fiquem assim, de pé!
EliminarBoa noite, querida GM. :)
Olá, Maria.
ResponderEliminarHá quem acuse o governo grego de ter "querido fugir ás responsabilidades" com o referendo. Eu, na minha humilde opinião, que de estratégia política, só percebo que não gosto dela, entendo que, quando é necessário uma decisão difícil, que gera opiniões contraditórias e, é de importância para um país, é justo e verdadeiramente democrático, que se recorra ao dito.
Não é isso que vai lhes resolver a embrulhada em que estão, mas houve uma decisão democrática, ponto!
Cometeram erros neste processo da crise? Sim.
Mas a dita União Europeia, que de unida, tem pouco, também tem cometido muitos, para além de já ter dado mais que provas que esta história de União(?) serve a interesses de uns e demagogia para outros. Curioso que a dívida da Alemanha, por exemplo, há muito tempo que cai no esquecimento e é um país de decisão "forte" nesta União(?).
Por outro lado, há governos de outros países, como Portugal, por exemplo, que não gostam do "pontapé dado pela Grécia às regras", porque é dos que se regem pela máxima "o que é para mim, tem que ser para os outros". Em vez de se prender a isso e, à táctica do "Portugal não é a Grécia", deveria era interiorizar de uma vez por todas que, em lugar nenhum do mundo, um país progride às custas de um povo desempregado ou com empregos precários e com reformados a receberem reformas que não lhes chega para viver, ou seja: sem dignidade dum povo, o país não alcança estabilidade.
A Grécia procura uma alternativa diferente para o que já viu que não dá certo.
Torço por eles, e admiro pela coragem.
Para ti, um bjn amg
Disseste o que penso em palavras tuas, Carmem.
EliminarBeijos e uma boa noite. :)
A dificuldade que temos em encontrar o caminho que os princípios, simplesmente, abrem! É urgente remover muita pedra!
EliminarAbraço imenso. Obrigada, Carmem.