O azul de ontem é o cinzento de hoje. Soprando furiosamente, o vento assobia na esquina da sala onde me sento a trabalhar. Páro de vez em quando e olho pela janela. Funcionários da Câmara, um deles empoleirado numa geringonça que não a governamental, procedem ao corte dos ramos das árvores onde, no azul de ontem, se empoleiravam pássaros em alegre chilrear. Costumo ficar a vê-los, aos pássaros, voando em loop, com manobras dignas de um avião em festival aéreo e, melhor ainda, sem risco de caírem.
Entristeço-me, por isso, com o corte limpo da máquina que deixa as árvores despidas de braços. Esses braços que se erguem ao céu em prece ou agradecimento, não sei qual dos dois, e servem de poiso aos pássaros, quer em descanso, quer em maior permanência, nos ninhos equilibristas.
Talvez seja do cinza-chumbo do céu, ou da chuva batida pelo vento, mas sinto dores ali, onde os braços se unem ao tronco, como se fosse a mim que os cortassem. Árvore amputada.
I love this.
ResponderEliminarThank you so much, Rick! :)
EliminarCusta ver,mas penso ser necessário para dar espaço a novos "crescimentos" :)
ResponderEliminarBeijoquinhas Tutu :)
Dizem que sim, Snowy.
EliminarBeijos :)
Num primeiro momento fica-se triste,
ResponderEliminarnum segundo já começamos a notar uma nova paisagem.
É a vida que segue.
bjos Maria
Sim, Mary, cortar o que está seco para que brotem novos rebentos.
EliminarBeijos :)
Ora azul, ora cinza. O céu. E nos troncos renascerão viçosos novos braços de árvores. :)
ResponderEliminarFalta pouco, Luísa!
EliminarBeijos :)
Parece estranho
ResponderEliminarque para crescer
se corte tanto
tudo leva a crer
que, amanhã, o azul volte a aparecer
O azul anda a jogar às escondidas, Rogério!
EliminarBeijinhos :)
Maria, a árvore quando está sendo podada, também observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira...
ResponderEliminarBom fim de semana :))
Nunca tinha pensado nisso, Legionário.
EliminarBeijinhos :)
às vezes é necessário, lá saberão o que fazem, a poda torna as árvores mais resistentes na base, os ramos mais arrimados... coisas nã naturais, mas pior seria o corte pelo tronco :)
ResponderEliminarbeijo, onde doí mais...
Ficam lá as feridas, a sangrar...
EliminarBeijocas, Stormy octopus :)
Pois assim é, Maria. Muito bem observado. Fiquei contente por sentires o que sentes: assim, não me acho tão só. Há muita gente a fazer-nos de ETs - em Marte não há árvores nem pássaros! - é o que ela pensa. Mas não! As árvores poiso de passarinhos, árvores nós, decepadas sem dó nem piedade, e nós passarinhos onde nos acoitarmos sob a ameaça do peso do chumbo gelado. No inverno é quando dói mais, sabendo nós que no desgoverno do mundo há agrónomos, silvicultores, psicólogos, sociólogos, educadores, terapeutas e muitas outras valências de competência e ética lustrosa. Quer de árvores quer de pássaros - nós.
ResponderEliminarUm bj.
Nós, sim. Despidos e com frio.
EliminarBeijinhos, Agostinho :)
Para crescer é preciso sofrer ?
ResponderEliminarAssim não devia ser !
Texto, pintura e música, tudo perfeito, parabéns!
Um beijinho com carinho
Fê
Crescer dói sempre...
EliminarMuito obrigada, Fê!
Beijos :)
E daquele corte sairão braços ainda mais fortes.
ResponderEliminarUm beijo, Maria :)
Primeiro finos, depois se verá.
EliminarBeijos, Carla :)
~~~
ResponderEliminarÉ antiquíssima esta querela entre jardineiros e poetas...
É uma coisa que não gostamos de ver, apesar de sabermos que não possuem
sistema nervoso e que elas próprias são capazes de amputar ramos a si
mesmas para sobreviverem, ficando os ramos secos espetados...
~ Mas não hã dúvida que há muito exagero...
~~~ Beijinhos, ME. ~~~
Os poetas serão sempre uns sonhadores.
EliminarBeijos, Majo :)
Nos dias de céu cinzento, todos os cortes nos trazem dores.
ResponderEliminarBeijos, Maria :)
Reais, as dores.
EliminarBeijos, Lindinha :)
Quando é necessário para um crescimento mais forte e mais saudável, a poda não é nada de negativo.
ResponderEliminarAté na nossa vida.
Boa semana
Assim é, Pedro, de facto.
EliminarBeijinhos e boa semana para ti, também :)
Obrigado Maria pelo teu comentário. Confesso que andava preocupado e triste pelo facto de nunca mais teres "dito" nada. Não raras vezes pensei vir aqui deixar um pedido de desculpas por algo que te tivesse dito e que te tivesse magoado.
ResponderEliminarGosto muito, muito de ti, é só isso!
Um beijinho
Não tenho comentado muito, ultimamente, Jorge. E, por vezes, não sei muito bem o que comentar... :) Não sou pessoa para ficar magoada e não o dizer, podes ficar tranquilo. Sempre foste extremamente educado!
EliminarBeijinhos e uma boa noite :)
Eu sei que nem sempre temos o tal tempo disponível para andar por aí a comentar, também não estou a pedir-te para comentares no meu blogue, mas senti-te algo distante, é só isso. Mas ok, o importante é que esteja tudo bem!
EliminarBoa noite, Maria!
:))