(imagem daqui)
Os dias eram longos nas férias grandes e, no entanto, para Clarinha o tempo era sempre pouco. Levava aqueles dias num corrupio tal que chegava à noite em quebranto de pernas e de braços, chegando a adormecer entre a sopa e o prato principal do jantar.
-Esta menina não pára! dizia o pai, enquanto lhe pegava ao colo para a ir deitar na cama onde a mãe a despia com cuidado, enfiando-lhe a camisa de noite a custo e metendo-a entre os lençóis.
Mas de manhã, qual passarinho laborioso, Clarinha levantava-se, lava-se num piscar de olhos, vestia os calções e a camisola, calçava as sandálias velhinhas e, bebendo o leite em goles sôfregos, agarrava no pão com manteiga e corria porta fora com um "até logo, mãe" pouco perceptível, com a boca cheia.
E era vê-la a bater à porta da Dona Arminda e gritar "Oh, Joaninha! Joaninha! Anda brincar!". Depois, já eram duas a correr pela aldeia, batendo às portas do Zé, do João, da Paula e da Diana. Um bando de miúdos enchia os caminhos e os campos de correrias e gargalhadas, apenas interrompidas para o almoço porque o lanche era metido em sacas e saboreado à sombra de uma árvore ou em cima de um muro, sentados, de pernas a bambolear.
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ResponderEliminar~ Que liberdade, que alegria, que vitalidade!
~~ Música e texto belos e em harmonia...
~~~~ Beijinhos amigos. ~~~~~~~~
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E que bom que era!
EliminarMuito obrigada, Majo.
Beijos. :)
Os meus verões, em casa da minha avó, eram passados assim. Os dias eram vividos a brincar no exterior, sem controlos ou limitações. A minha liberdade ia até onde as minhas pernas me levavam :)
ResponderEliminarUm beijinho, querida Maria
Fomos, então, muito felizes!
EliminarBeijos, doce Miss Smile. :)
Que maravilha, eram as férias grandes, a liberdade de poder correr e saltar, apanhar grilos com a palhinha, que se metiam em casinhas amarelas de vermelhod telhados, com a folhinha de alface que a mãe ou uma vizinhava davam, e lá ficávamos, deitados de barriga para baixo pernas a baloiçar no sar, à espera de ver qual o grilo que cantava primeiro. Era uma maravilha ser criança naqueles tempos.
ResponderEliminar:-)
Sem nada que nos impedisse de calcorrear caminhos e pintar a manta! :D
EliminarBeijos, noname. :)
Que verões tão cheios, tão bons deviam ser esses. Até me dá saudade a mim, que não os vivi (assim).
ResponderEliminarBeijo, Maria, bom domingo. :-)
Ah, mas eu já vi fotos de uma menina com as irmãs em alegre brincadeira numa piscina! Também deve ter sido muito boa a tua infância! :)
EliminarBeijos, Susana, e boa semana. :)
Que saudades desses Verões.
ResponderEliminarUm belo regresso à infância.
Beijo Maria e bom fim de semana.:))
Vamos voltar lá as duas? :D
EliminarBeijos, SD, e uma boa semana. :)
Que férias tão animadas tinhas, Maria! ;)
ResponderEliminarNão eras tu? Parecia... ;)
As minhas não eram assim. Tudo mais calmo e menos alegre.
Bom domingo!
Beijos
As aldeias eram lugares em que era permitido às crianças fazer uma festa de brincadeira todos os dias. Tudo à solta e sem preocupações! Também era eu, sim, Isabel! :D
EliminarBeijos e boa semana. :)
Penso que conheci a Clarinha...
ResponderEliminarPenso, não
tenho a certeza
e era com ela
e com o grupo dela
que nos deliciávamos
com os desenhos animados
aqui mostrados
(verdade!)
Claro, Rogério! Então, também te lembras de mim, aquela Maria sardenta, sempre de calções e cabelo atado em rabo-de-cavalo ou tótós. :D
EliminarBeijinhos. :)
às vezes penso que gastei toda a felicidade na infância, porque realmente era assim, o dia prolongava-se até nos chamarem para jantar, despíamos as peles de índios, cowboys, policias, piratas antes de dormir... boas lembranças :)
ResponderEliminarEra, não era, Manel? Mas ainda sobrou alguma felicidade! Procura bem que ela anda por aí à solta!
EliminarBeijinhos,rapaz das tempestades. :)
As aventuras da Maria, perdão, da Clarinha, postas ao léu no trabalho “Férias Grandes”, fez recordar-me algumas peripécias da minha infância. Tal e qual, sem tirar nem pôr, como na fotografia de entrada, onde vários morcegos figuram dependurados de uma barra. Por questões de oxigenação da moleirinha e aproveitamento da força da gravidade para início de voo, também eu o fiz.
ResponderEliminarHá pormenores de somenos no meu caso como o chão ser uma laje de pedra que, certo dia, foi de “somais”: Aconteceu que num movimento inusitado os pés se descuidaram resultando dessa temerária proeza a minha pinha rachada.
Éramos todos mais felizes do que os putos de agora. Tínhamos a sorte de ter muito mais liberdade. Alguns dos mais velhos diziam ser "rédea solta".
Gostei muito disto, Maria, por isso,
Um beijo
Era uma alegria, não era? Regermo-nos pela hora solar! Dá uma saudade!
EliminarBeijinhos, Agostinho. :)
Também eram assim as minhas férias, era tão bom, são excelentes recordações.
ResponderEliminarbjs
Fazem-nos sorrir.
EliminarBeijos, papoila. :)
Que saudades dos verões e das férias grandes da minha infância, tal qual estes. As correrias e a brincadeira o dia inteiro, sem preocupações e responsabilidades, apenas brincar até cair no sono. Beijinho
ResponderEliminarTernura, é a palavra que me vem à cabeça. Ternura e, também, saudade.
EliminarBeijos, GM. :)
Também tive o prazer de me divertir com essas saídas que nos deixavam de rastos.
ResponderEliminarMas felizes até mais não.
E na rua, não era encafuados numa qualquer casa,
Bjs, boa semana
Bate uma saudade...
EliminarBeijinhos, Pedro, e continuação de boa semana. :)
Que miúdos felizes, esses.
ResponderEliminarÀs vezes olho para os meus sobrinhos e vejo-os tão impossibilitados deste liberdade que me dói a infância que estão a perder, em troca de uma protecção quem sabe sufocante e um jogo novo na PSP.
Triste, a infância sem brincadeiras de rua, sem joelhos esfolados a subir muros e árvores. Mas hoje também há mais perigos, sentimos que precisamos proteger. Um dilema!
EliminarBeijos, Carla. :)
"Branco, branco e orvalhado,
ResponderEliminaro tempo das crianças e dos álamos."
Eugénio de Andrade/Da Memória
Um beijo, Maria (rapaz)! :)
Algumas Proposições com Crianças
EliminarA criança está completamente imersa na infância
a criança não sabe que há-de fazer da infância
a criança coincide com a infância
a criança deixa-se invadir pela infância como pelo sono
deixa cair a cabeça e voga na infância
a criança mergulha na infância como no mar
a infância é o elemento da criança como a água
é o elemento próprio do peixe
a criança não sabe que pertence à terra
a sabedoria da criança é não saber que morre
a criança morre na adolescência
Se foste criança diz-me a cor do teu país
Eu te digo que o meu era da cor do bibe
e tinha o tamanho de um pau de giz
Naquele tempo tudo acontecia pela primeira vez
Ainda hoje trago os cheiros no nariz
Senhor que a minha vida seja permitir a infância
embora nunca mais eu saiba como ela se diz
Ruy Belo
Beijos, Teresa. :)
Fizeste quase a descrição fiel dos meus Verões no Alentejo, com o meu bando de primos.
ResponderEliminarE o pão com manteiga, Maria, o pão com manteiga... que instituição! Terá caído em desuso?
Obrigada por esta viagem tão boa :)
Beijos, querida :)
Um beijo enorme, Linda! Que a tua dor passe depressa!
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