A cada dia, Maria Antónia deixa que o tempo corra como que em rajadas de vento norte, despenteando-lhe o cabelo, humedecendo- lhe os olhos, arrefecendo-lhe as mãos. Fustigam-na, de quando em vez, a par com a ventania, os grãos de saudade, iguaizinhos à areia das praias de águas frias e dunas pronunciadas que tantas vezes conhecera irada, infiltrando-se-lhe na boca, no nariz, nos ouvidos, no sexo. Toma-a, então, de mãos dadas com a saudade, um infinito cansaço. Chegada a casa, Maria Antónia senta-se no cadeirão que guarda a luz do jardim fronteiro à varanda do seu quarto, senta a saudade no colo e adormece, afagando-a.
gostei, principalmente da saudade em grão... beijo.
ResponderEliminarÉ tramada, quando é em grão!
EliminarBeijinhos, Manel das tempestades. :)
A saudade é tramada. Dei por isso quando acordei e ela continuava adormecida em cima do peito. Não tive coragem de a acordar.
ResponderEliminarDeixámo-la ficar, acomodados nas memórias.
EliminarBeijinhos, Luís. :)
As saudades têm sempre rajadas de vento norte dentro.
ResponderEliminarUm beijinho, Maria, e um sábado feliz :)
E areia, Miss Smile, daquela que magoa empurrada pelo vento.
EliminarBeijos e um bom final de Domingo. :)
Hoje o vento norte que sopra do Gerês traz-me rajadas de saudades acompanhadas de muita melancolia, há dias assim... Maria.
ResponderEliminarBom fim de semana :)
O vento instalou-se. A saudade também.
EliminarBeijinhos, Legionário, e uma óptima semana. :)
É a areia que se insinua no peito, Maria, que turva a luminosidade do olhar. E, depois, com a erosão do vento - o tempo - que os sulcos se gravam no rosto como se fosse um mapa onde fios de água e sal alimentam a saudade.
ResponderEliminarBFS, gostei do teu quadro melancólico.
Bj o mapa.
Daí o mapa que já se traça no meu rosto.
EliminarBeijinhos, Agostinho. :)
Depois de ler, também eu me senti esse cansaço. Resta saber se isso é bom ;)
ResponderEliminarChama-se melancolia...
EliminarBeijinhos, Luís. :)
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ResponderEliminarUm 'post' muito interessante.
O texto excelente!
É seu?
~ Dias felizes.~
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Muito obrigada, Majo.
EliminarOs textos são meus, à excepção dos que têm autor referências.
Beijinhos.:)
Nunca consegui saber se é o cansaço que traz a saudade se o inverso, e por não saber, carrego os dois.
ResponderEliminarAbreijo Maria TU
Também não sei dizer.
EliminarBeijos, noname. :)
A saudade aninhada?... há quem a tolere assim
ResponderEliminara ponto de a ausência roer por dentro
e a saudade estar presente em tudo
Não entendo,
eu que só tenho saudades do futuro
Tu és um homem de grande coragem e convicção.
EliminarBeijinhos, Rogério. :)
Hoje o vento matou-me as saudades por esses montes fora acompanhando-me nas minhas pedaladas. Beijinho
ResponderEliminarNem sempre é má, a saudade.
EliminarBeijos, GM. :)
"Dá-lhes lá saudades minhas", encomenda-me por vezes o meu pai referindo-se aos netos. Estas saudades não são como grãos de areia que fustigam as faces, são beijos de carinho... :)
ResponderEliminarEssas são mais a areia quente e dourada das praias paradisíacas.
EliminarBeijos, Luísa. :)
lindo texto e bela escolha a música...vi-os há pouco tempo no CCB e foi um grande concerto!
ResponderEliminarbeijos e boa semana
Obrigada, ars.
EliminarTentei vê-los mas a sala estava esgotada.
Beijos. :)