sábado, outubro 18, 2014

De tanto bater, o meu coração incendiou-se



(Christian Schloe - roubado daqui)

"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja."

Clarice Lispector, in "Onde Estiveste de Noite - Manifesto da Cidade" 





Incendeia-se, agora, num acto de entrega que adivinha final. Amanhã, só restarão cinzas. Amanhã, soprará um vento forte que levará o incêndio, a entrega, as cinzas. Ficarão as mãos, livres, para atiçar outros fogos que não o seu.

8 comentários:

  1. Nunca li um livro de Clarice, só a conheço por citações...

    A ilustração é estupenda e da canção também gostei

    Bom fim de semana :)

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    1. Foi a ilustração que me motivou a fazer estas ligações. Lembrei-me logo da Clarice e, sem demora, deste vídeo clip que acho lindíssimo.

      Beijinhos Marianos, São! :)

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  2. Tão imprevisível, Clarice Lispector!

    Um beijo

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    1. Imprevisivelmente maravilhosa!

      Beijinhos Marianos, Lídia! :)

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  3. E corações incendiados iluminam pessoas, lugares _ o universo inteiro ...
    onde estiveres!
    isso é bom ? rs
    abraço Maria
    bom domingo

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    1. São como fogo de artifício em dia de festa, Lis! :)

      Beijinhos Marianos e um bom fim de semana! :)

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  4. Não foi um vento forte
    mas uma suave brisa
    que me trouxe, por má sorte
    um pouco dessa cinza

    Não sei se este coração resistirá

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    1. Tu és mais forte do que o vento, resistes!

      Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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